“Imagine uma garrafa de refrigerante. Pense o que aconteceria se a agitássemos com força e a abríssemos. Ao fazer isso, todo o gás acumulado sairia voando”, explica a este jornal o diretor do Centro Nacional de Prevenção de Desastres (Cenapred), Hugo Delgado. Algo parecido aconteceu com o vulcão Popocatépetl depois do terremoto que abalou o centro do México no dia 19 de setembro e causou mais de 330 mortes. O terremoto também moveu as entranhas do colosso de mais de 5.400 metros de altura, que na quarta-feira amanheceu com uma fumarola de dois quilômetros, com vapor d’água e cinzas, lembrando ao centro do país que ele está mais vivo do que nunca. E a apenas 60 quilômetros da capital.
Embora os técnicos do Cenapred insistam que a atividade é habitual e que não determinaram uma relação direta com o terremoto de uma semana atrás, existem antecedentes de que um fenômeno sísmico forte pode aumentar a atividade do vulcão. Delgado explica que depois de um tremor de magnitude semelhante ao de 19 de setembro, ocorrido em 15 de junho de 1999, o Popocatépetl experimentou uma das fases mais eruptivas de sua história. Isso aconteceu um ano depois, em dezembro de 2000.
A erupção da quarta-feira começou por volta das três da manhã e emitiu fragmentos incandescentes, que voaram entre 600 metros e um quilômetro de distância, sobre as encostas do vulcão. Tudo dentro do perímetro de segurança de 12 quilômetros. Essa atividade continuou por mais de seis horas e fez cair cinzas nas aldeias de Ecatzingo e Atlautla, no Estado do México, e em Atlatlahuacán, Ocuituco, Oaxtepec, Jiutepec e Yautepec, em Morelos.
O Popocatépetl, que na língua náuatle significa “montanha fumegante”, é monitorado 24 horas por quatro câmeras de vídeo que transmitem toda a sua atividade ao vivo. Em um raio de 100 quilômetros vivem cerca de 27 milhões de pessoas e, portanto, sempre que o vulcão entra em erupção todos os alarmes são ligados. Os habitantes do centro do país se perguntam se a natureza pode dar uma trégua.