Cientistas brasileiros do Hospital Israelita Albert Einstein e do Instituto Butantan, situados em São Paulo, estão empenhados em uma pesquisa que pode representar uma revolução no tratamento do câncer. A fonte de esperança é o veneno da aranha Vitalius wacketi, encontrada nas regiões litorâneas paulistas.
A substância promissora não é obtida diretamente do veneno, mas é sintetizada em laboratório por meio de técnicas patenteadas pelos próprios especialistas. Em estágios iniciais de testes, essa substância mostrou eficácia no combate à leucemia, apresentando vantagens sobre os métodos tradicionais de quimioterapia.
Embora ainda esteja em uma fase inicial, os estudos precisam progredir para assegurar a segurança e a eficácia da molécula. Testes adicionais em células e animais de laboratório serão conduzidos antes de iniciar os ensaios clínicos em seres humanos.
A origem dessa pesquisa remonta a três décadas atrás, quando expedições do Instituto Butantan exploravam o litoral paulista coletando amostras de aranhas. O biólogo Pedro Ismael da Silva Junior, do Laboratório de Toxinologia Aplicada do Butantan, juntamente com o aracnólogo Rogério Bertani, também do Butantan, foram pioneiros nesse esforço.
Anos depois, o bioquímico Thomaz Rocha e Silva, do Einstein, entrou em cena. Durante seu doutorado, ele investigou as propriedades farmacológicas do veneno da aranha. Uma molécula com atividade neuromuscular chamou sua atenção, mas o projeto foi arquivado devido à falta de interesse comercial.
Em 2000, um aluno de Rocha e Silva ressuscitou o projeto, e novos testes revelaram uma pequena poliamina com potencial citotóxico (ou seja, que mata células) no veneno da Vitalius wacketi. Essa molécula foi isolada, purificada e sintetizada em laboratório, abrindo caminho para os testes in vitro que demonstraram sua eficácia contra células cancerígenas.
Atualmente, estão em curso esforços para estabelecer parcerias com empresas farmacêuticas, visando garantir os investimentos necessários para o desenvolvimento da molécula e a realização de ensaios clínicos. A esperança é que, em um futuro próximo, o veneno da aranha brasileira possa desempenhar um papel crucial na luta contra o câncer, potencialmente salvando vidas.
Principais aspectos da pesquisa:
– Espécie da aranha: Vitalius wacketi
– Localização: Litoral paulista
– Instituições envolvidas: Hospital Israelita Albert Einstein e Instituto Butantan
– Molécula: Pequena poliamina
– Potencial: Combate à leucemia
– Vantagens: Mais eficaz e menos agressiva que a quimioterapia
– Fase da pesquisa: Testes in vitro
– Próximos passos: Testes adicionais em células e animais de laboratório, ensaios clínicos em humanos
– Parcerias: Busca por colaborações com empresas farmacêuticas.