Ainda não é possível prever se a vazante deste ano será expressiva no Amazonas, mas algumas paisagens, como a que é vista em Tabatinga (a 1.108 quilômetros de Manaus), no Alto Solimões, acendem o sinal de alerta. Casas flutuantes e canoas estão ficando encalhadas devido à ausência de água e alguns igarapés viraram córregos, com uma pequena passagem de água.
A pesquisadora da Superintendência Regional de Manaus do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) Luna Gripp conta que o rio Solimões tem descido significativamente em Tabatinga ao longo do último mês, apresentando uma redução média do seu nível de 22 centímetros por dia na segunda quinzena de julho.
Nas últimas semanas, no entanto, a velocidade de descida diminuiu e o rio chegou a subir alguns centímetros, o que é um comportamento considerado normal para essa época do ano.
Em Fonte Boa (distante 678 quilômetros de Manaus), na mesma região do Alto Solimões, o processo de vazante é semelhante e o nível reduziu também em média 22 centímetros nos últimos 15 dias. “Provavelmente, essa velocidade seja reduzida nos próximos dias, acompanhando o que ocorre em Tabatinga”, aponta Gripp.
Já nas estações de Itapéua, Zona Rural de Coari, e Manacapuru (a 363 e 68 quilômetros de Manaus, respectivamente), no médio Solimões, o rio ainda apresenta pequenas variações nos níveis, como é comum para essa época do ano. Conforme a pesquisadora, é provável que essa velocidade de descida aumente também no próximo mês.
No caso do rio Amazonas, Gripp explica que o processo de vazante está no início, variando apenas poucos centímetros por dia, não conseguindo entender ainda como será a vazante. “Como seu principal formador é o Solimões, podemos esperar que o comportamento do Amazonas seja análogo ao que está ocorrendo no Solimões, respeitando a defasagem de tempo”.
Os rios Acre e Purus são os únicos que estão em processo crítico de vazante. Na capital do Acre (Rio Branco), o rio Acre atingiu no último dia 28, conforme Boletim de Acompanhamento do CPRM, a cota de 1,88 metros, estando apenas 58 centímetros acima da mínima histórica atingida em 2016. E o rio ainda está no princípio do período seco nessa estação e as cotas mínimas anuais normalmente ocorrem entre os meses de setembro e outubro.
Monitoramento
A Defesa Civil do Amazonas informou que acompanha diariamente o processo de vazante por meio do Centro de Monitoramento e Alerta (Cemoa) e a qualquer situação de anormalidade, que não é o caso ainda, emitirá alerta com orientações para os municípios.
As medidas deverão minimizar os impactos de um possível desastre. Conforme o órgão, todos os municípios mantém planos de contingências para determinados desastres, inclusive para a estiagem e têm know-how (conjunto de conhecimentos práticos) para trabalhar com a situação. Esses planos de contingência prevêem os danos econômicos e sociais, bem como apontam as possíveis soluções.
Se por um acaso, o município não conseguir mais atender a demanda, a Defesa Civil Estadual entrará com apoio e suporte e, caso seja necessário, recorrerá a Defesa Civil Nacional para ampliar os atendimentos a população atingida pelo desastre. A Defesa Civil do Amazonas ressaltou que tem uma central de atendimento que os municípios podem obter orientações para que possam se organizar.