Testemunho: ‘Quando me batiam em uma face eu oferecia a outra’, diz pastor que foi preso com terroristas

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A expressão ‘Allahu Akbar’ (‘Alá é Grande’) tornou-se um som quase constante na cela da cadeia onde o pastor Petr Jasek esteve preso por 445 dias, no Sudão. A frase faz parte do chamado muçulmano à oração, e cada homem a repetia incessantemente ao longo do dia, cem vezes cada vez que oravam.

Em seu novo livro “Imprisoned with ISIS: Faith in the Face of Evil” (“Preso com o Estado Islâmico: A Face do Mal”), o pastor relata como foi estar preso no mesmo local que alguns terrorista do Estado Islâmico.

“Confinado naquela pequena cela, vi meus colegas de cela se curvarem e ouvirem as palavras do Alcorão. No meio de todas as vozes murmurantes e orações repetitivas, comecei a me preocupar com minha saúde mental e senti uma forte necessidade de algo além de suas vozes para ocupar minha mente”, relatou o pastor em um trecho de seu livro..

O pastor Petr então contou que a resposta de Deus à sua necessidade foi um tanto surpreendente.

“Nos últimos dias de janeiro, enquanto meus colegas muçulmanos estavam orando, o Senhor Deus começou a me dar canções. Observar os muçulmanos inclinando o rosto para o chão provocou a lembrança de um hino que meu pai me ensinou quando eu era criança: ‘Todo joelho deve se curvar”, disse Jasek.

O pastor compartilhou então que lutar contra a perseguição religiosa não era algo novo para ele e que ele já havia vivenciado esse contexto ainda garoto, quando seu pai liderava uma igreja clandestina na Tchecoslováquia.

“Durante nossas reuniões de discipulado da igreja clandestina na Tchecoslováquia, cantávamos o hino espontânea e frequentemente, e na minha cela da prisão essas mesmas palavras começaram a surgir em minha mente. Enquanto os muçulmanos oravam, eu cantava a música em minha mente, repetidamente, e isso me ajudou a exaltar o nome do meu Senhor. Cinco vezes por dia, enquanto eu estava perto do banheiro da cela de frente para o banheiro, lembrei-me do refrão: ‘Todo joelho se dobrará, toda língua confessará que Tu és o Senhor’”, relatou o pastor.

Petr contou que ao lembrar a si mesmo que ‘um dia os joelhos de todas as pessoas se dobrarão diante do de Deus’, começou a internalizar a realidade eterna de sua vitória em Cristo, e assim conseguiu manter sua sanidade mental intacta.

“Nos momentos em que eu estava mais preocupado com minha saúde mental, o Espírito Santo me lembrou de Filipenses 4: 7: ‘E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus’. Ele estava guardando não apenas meu coração, mas também a minha mente”, lembrou Jasek.

Durante cada pedido de oração, enquanto seus colegas de cela se lavavam com água do ibrig (recipiente usado em rituais islâmicos), Petr sistematicamente louvava a Deus com as palavras retiradas de Apocalipse 4: 8: ‘E os quatro animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir’.

“Se aqueles quatro seres vivos podiam dizer as palavras ‘santo, santo, santo’ por toda a eternidade, então eu sabia que conseguiria dizê-las por um minuto, por cinco minutos ou por uma hora. Comecei a repetir esse versículo em minha mente: ‘Santo, santo, santo, é o Senhor Deus Todo-Poderoso!’”, relatou.

Essas palavras fizeram Petr pensar nos atributos específicos de Deus, como Sua santidade, Sua pureza, Sua capacidade de curar.

“Comecei a orar pela cura dos cristãos perseguidos na Nigéria, que haviam sido feridos recentemente durante uma série de ataques. Orei pelos cristãos da Eritreia, alguns dos quais foram presos por mais de uma década. ‘Santo, santo, santo é o Senhor’, repeti para mim mesmo diversas vezes. Eu sabia que não podia cantar meus hinos em voz alta ou pronunciar as palavras das Escrituras com minha voz, mas certamente poderia cantar e dizê-las em meu coração”, contou.

O pastor Petr Jasek (esquerda) este preso em uma cela com terroristas ligados ao Estado Islâmico e junto a outros cristãos também perseguidos (à sua direita na foto): (Imagem: Fox News)

Humilhação

Petr ainda contou que quando começou a se concentrar mais na santidade e poder de Deus e menos nos horrores de sua própria situação, a dinâmica de sua cela começou a mudar para pior.

“Meus colegas de cela do Estado Islâmico não sabiam que eu começara a repetir silenciosamente essas palavras de adoração, mas durante a primeira semana de fevereiro, quanto mais eu cantava para Deus e exaltava o Seu nome, mais severamente eles me tratavam. Como eu era o único homem branco na prisão, minha pele havia se tornado uma fonte particularmente frutífera e constante de escárnio. ‘Veja como seus pés estão sujos’, eles zombavam, apontando para minhas solas pálidas, ‘e veja como nossos pés estão limpos’”, relatou.

Os colegas de cela de Petr se tornaram tão agressivos que simplesmente restringir sua movimentação na cela não lhes trazia mais prazer.

“Sempre que eu estava andando, eles me faziam parar para esperar até que passassem. Meus colegas de cela me forçaram a sentar de pernas cruzadas no chão por horas a fio. Essa era uma posição dolorosa, pois eu não estava acostumado à prática muçulmana”, explicou. “Eles também me forçaram a lavar suas roupas íntimas e lavar o banheiro com minhas próprias mãos, deixando-me humilhado e degradado. Nem me deixaram comer em junto deles. ‘Você é um infiel’, eles me lembravam’”, contou o pastor.

“Eles me forçaram a comer de um prato separado que guardavam perto do banheiro. Cada vez que um dos meus colegas de cela urinava, meu prato era salpicado de gotículas de urina”, acrescentou.

Eles passaram a chamar o pastor de todo tipo de nomes depreciativos e, quando Petr não respondia imediatamente a nomes como “porco imundo” ou “rato imundo”, eles desrosqueavam o cabo de madeira da vassoura e lhe batiam na cabeça com ele.

“Todas as manhãs eu acordava com machucados novos no corpo e uma dor de cabeça latejante”, disse.

Petr contou que também veio de Deus a força para suportar às agressões e insultos daqueles homens que eram terroristas ligados ao Estado Islâmico.

“O Senhor me deu a força para não retaliar quando eles me agrediam. Quando eles me batiam na face direita, eu oferecia a esquerda. É claro que, mesmo se eu decidisse revidar e tentasse me defender dos ataques deles, meus esforços seriam infrutíferos contra seis homens”, destacou.

“Não havia como afastá-los, então aprendi que, se quisesse permanecer vivo, precisava responder a quaisquer nomes que eles me designassem. O Senhor me deu uma graça especial não apenas para compartilhar o Evangelho com eles, mas também para viver o Evangelho entre eles. Eu sabia que quem estava ali não era meu antigo eu, mas que era Cristo vivendo em mim que me permitia fazer isso”, acrescentou.

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