Sons de ‘trombetas’ vindos do céu são relatados em países como Brasil e EUA

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Sons de ruídos e zumbidos, semelhantes aos de trombetas, estão sendo ouvidos de diversas partes do mundo. O barulho no céu se tornou ainda mais perceptível em tempos de isolamento social devido à pandemia de Covid-19, enquanto o nível de ruída ao ar livre diminuiu drasticamente.

Em países como Brasil, Eslováquia, Estados Unidos e Argentina, cidadãos  registraram os fenômenos e publicaram os vídeos nas redes sociais. A expressão “barulho no céu” chegou a ficar nos trending topics do Twitter, apesar de órgãos públicos de monitoramento não terem mencionado o fenômeno.

“Há algumas hipóteses para esse conjunto maior de barulhos ocorridos em 2020, mas nada conclusivo ainda. Esses barulhos, que lembram sons de trombetas, podem ter muitas causas ocorrendo em diferentes lugares no planeta”, disse Daniel Rutkowski Soler, professor de Física da Universidade ESEG, ao iG Último Segundo.

Os ruídos no céu foram relatados neste mês em Bratislava, na Eslováquia e divulgados no site SoulAsk. Uma explicação científica foi o movimento de placas tectônicas contra a Grande Adria, continente perdido escondido sob a Europa, embora não houvesse relatos de terremotos ou outros distúrbios sísmicos.

O SoulAsk também relatou sons parecidos em Buenos Aires, que chegaram até mesmo a perturbar os animais domésticos. Nos EUA, sons foram registrados em Belton, Missouri, no sul da Filadélfia e na Pensilvânia.

Sons audíveis são bíblicos?

Em relação a autenticidade dos vídeos, o pastor e autor Carl Gallups afirma que os cristãos devem ser cautelosos.

“Com a tecnologia de hoje, seria muito simples sobrepor estes sons em um vídeo, chamar alguns amigos para ficarem de boca aberta para o céu, enquanto você filma”, diz o pastor. “Além disso, onde estavam os relatos das milhares de outras pessoas que certamente devem ter ouvido os mesmos sons? Onde estavam os principais meios de comunicação para relatar este acontecimento? Onde estão os relatórios policiais que devem existir nestes casos?”

Por outro lado, Gallups observa que a Bíblia fala sobre sons de trombetas audíveis que vêm do céu para alertar acontecimentos importantes. “O mais importante foi quando Deus revelou a lei no Monte Sinai. Sua presença foi acompanhada por ‘um toque de trombeta muito alto’, fazendo com que todos no acampamento tremessem de medo santo (Êxodo 19:16). O versículo 19 diz que o som da trombeta ficou cada vez mais alto. Claro, havia mais de um milhão de pessoas que testemunharam e ouviram o som deste toque de trombeta”.

Gallups também admite que os cristãos não estão enganados quando observam um sinal audível do fim dos tempos. “Jesus revelou que ‘eventos espantosos, e grandes sinais do céu iriam acompanhar os últimos dias (Lucas 21:11)”.

“Independentemente do fenômeno das trombetas, ou das especulações sobre suas origens, um observador astuto dos tempos em que estamos vivendo não pode negar: estamos vivendo tempos proféticos. É hora de se acertar com o Senhor”, destaca Gallup.

O que dizem os cientistas?

Uma das explicações mais difundidas sobre os sons vindos do céu seria o chamado “skyquake”, um possível terremoto no céu que ainda não foi cravado cientificamente.

“Os skyquakes podem estar relacionados, por exemplo, com a entrada de meteoroides na atmosfera, produzindo meteoros (estrelas cadentes) com som mais significativo. Podem ser o estrondo produzido por aviões atingindo a velocidade do som. Podem ser testes militares. Podem estar relacionados a instabilidades no campo magnético da Terra, que, devido a grandes quantidades de matéria, vindas do Sol e colidindo com essas zonas instáveis do campo magnético da Terra, produzam sons intensos. Há, portanto, muitas possíveis causas para os skyquakes”, explica o físico Daniel Soler.

Não é a primeira vez que este tipo de fenômeno acontece; há registros que datam até de 1800. Em 2012 foi criado o site Hum, no qual se pode encontrar ocorrências desses sons vindos do céu em todo o mundo.

No entanto, para o astrônomo Ricardo Ogando, do Observatório Nacional no Rio de Janeiro, ainda são necessárias mais pesquisas científicas para se definir a origem do fenômeno.

“Um fator muito importante para a ciência (em uma investigação) seja barulhos no céu ou até mesmo o tratamento para o coronavírus é você ser capaz de produzir o resultado. E, quando ele é produzido, faz-se a chamada avaliação de pares, que é quando outro grupo de pesquisa tenta reproduzir o mesmo desfecho. No caso dos barulhos no céu, isso ainda não ocorreu. Temos uma pergunta sem respostas, apenas com teorias”, afirma.

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