O novo Sinédrio usou a disputa entre o primeiro-ministro israelense e o ministro iraniano das Relações Exteriores para fazer um desafio ao maior inimigo de Israel: ajude a construir o Terceiro Templo. Por mais absurdo que isso possa parecer, trata-se de uma tentativa de usar o discurso iraniano e passagens do Antigo Testamento.
A crise internacional começou durante a celebração do Purim, duas semanas atrás, quando o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu fez a leitura da Megilá [Livro de Ester] em uma sinagoga. Ao discutir a história bíblica com as crianças presentes, assegurou-lhes: “Hoje, também, na Pérsia [Irã] estão tentando [nos matar], mas eles também não vão ter sucesso!”.
Segundo o ministro iraniano, seu país salvou os judeus três vezes ao longo da história. Zarif contou uma versão distorcida da história do Livro de Ester, alegando que o herói foi o rei persa Ahashverosh, e não os judeus Ester e Mordecai. Zarif também lembrou Netanyahu que foi Ciro, um rei persa, que facilitou a construção do Segundo Templo.
É improvável que o Irã, maior inimigo declarado de Israel, aceite a proposta. Essa mudança de atitude seria uma mudança grande após décadas de hostilidade. A antiga Pérsia era amigável com sua população, mas o Irã moderno dificilmente se enquadraria na categoria amigo de Israel.
Nos primeiros dias do novo Estado judeu, o Irã foi o segundo país muçulmano a reconhecer sua soberania. Contudo, a relação mudou drasticamente após a revolução iraniana em 1979, quando o Irã rompeu todos os laços diplomáticos com Israel. Em 2016, foram divulgados imagens de um míssil iraniano com a inscrição “Israel deve ser varrido da Terra”.