Quando, em seu discurso final no Big Brother Brasil, Tiago Leifert disse “Juliette você é um fenômeno”, ele explicitou o que os mais de 30 milhões de seus seguidores nas redes sociais viram durante os cem dias de confinamento. A então advogada, e “cover da Sandy”, se tornou a nova namoradinha do Brasil, deixando a atriz Regina Duarte apenas com o título de “ex”.
Esta frase de Leifert é uma das que iniciam a série documental “Você Nunca Esteve Sozinha”, dividida em seis partes, com publicação semanal feita pelo Globoplay, que em seu primeiro episódio narra as origens da paraibana, desde o seu nascimento, a infância até a morte de sua irmã Julienne.
Diferente do documentário da também ex-BBB Karol Conká, a produção não estava esperando a campeã nos corredores do Projac com uma câmera e uma luz forte em seu rosto –que, em seu caso, mostraria a alegria de vencer a edição. As imagens que abrem o primeiro episódio são as mesmas que já vimos à exaustão: os ex-participantes do reality a insultando pelas costas, e ela chorando repetidas vezes.
Algo inusitado são os depoimentos dos atores Selton Mello e Suzana Vieira, do cantor Chico César e da jogadora de futebol Marta. Unânimes, eles contam como Juliette resgatou um sentimento de esperança na humanidade e como ela é, nas palavras de Selton, “uma Cinderela contemporânea”.
Os cactos, como ficaram apelidados seus fãs –representados no episódio por Têca Falcão, uma das administradoras de seu Instagram, e Indira Petit, que comandava sua página no Facebook–, são brevemente lembrados como seus impulsionadores.
Pouco se fala das maratonas de trabalho em frente ao celular e de como eles foram importantes protagonistas durante o programa. Esse distanciamento pós-BBB mostrado no documentário é refletido na hashtag #CactosEmGreve, alavancada no Twitter horas antes do lançamento da série.
As imagens da família de Juliette reunida em um apartamento no Rio de Janeiro aguardando o anúncio do resultado da final são contrastadas com uma gravação de um bar cheio, com algumas pessoas de máscara e outras sem, todas aglomeradas, comemorando vitória dela no programa.
Os relatos de amigos do colégio, de professores e de sua mãe tentam dar mais corpo à história inicialmente rasa. Durante os 35 minutos de duração, não é exibido nada incrivelmente interessante sobre sua infância e adolescência a ponto de justificar um documentário sobre sua vida. Tudo poderia ser resolvido em uma curta reportagem no Fantástico.
Por outro lado, as imagens de Pedregal, bairro onde a campeã do BBB nasceu em Campina Grande, o circo da cidade e o destaque a expressões locais, como “gazeando aula” -uma advertência escolar tomada por Juliette-, dão um respiro entre tantos depoimentos redundantes e que não chegam desenvolver histórias maiores.
Um dos pontos altos e de maior drama é sua relação com Julienne, irmã que morreu aos 17 anos, em 2009, vítima de um AVC. Para quem não conhece sua história, noticiar sua morte durante o episódio emociona, mas a falta de riqueza nos detalhes do seus últimos dias de vida frusta o espectador.
A sensação ao assistir ao primeiro episódio é a mesma de ver um grande Arquivo Confidencial, com depoimentos de antigos amigos, suas paqueras na adolescência, boletins escolares e fotos de família bem constrangedoras. Você passa mais de meia hora aguardando que a tela se dividida, que Juliette apareça chorando e, de repente, surja um grito do Faustão: “Essa é a fera, meu!”.
Fonte: Portal do Holanda