Seleção de Tite varia repertório em início irretocável nas Eliminatórias

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Era paciência o que Tite mais pedia num dos treinos abertos ainda na Granja Comary. Para escolher a melhor jogada, para penetrar nas defesas adversárias. Além da paciência, é preciso talento, entrosamento e velocidade.

E servia para si próprio. Foi preciso esperar sete meses para ir ao campo e entrar em campo novamente. Em duas partidas, duas vitórias por 2 a 0 – sem sustos. Nesta noite de terça-feira, no estádio Defensores del Chaco, o time brasileiro venceu o Paraguai com gols de Neymar e Lucas Paquetá, quebrando tabu de 36 anos.

O Brasil faz campanha irretocável no primeiro terço das Eliminatórias. Lidera com 18 pontos – seis de vantagem para a Argentina – e consegue experimentar, com boas vitórias, novas alternativas de jogo. Mudam-se os nomes, mas o time segue com boas apresentações.

O primeiro gol teve a participação de seis jogadores até chegar a Neymar – o craque do PSG, aliás, tem cinco gols em quatro jogos da classificatória para 2022. A jogada começou no arremesso lateral de Alex Sandro, na esquerda. Firmino escorou para Fred, que girou rápido para Danilo. O lateral aproveitou o movimento de Gabriel Jesus para fazer o lançamento. O camisa 9 foi ao fundo e cruzou. Richarlison tentou finalizar, mas a bola sobrou para Neymar.

Mais arejado, Tite mexeu em mais três jogadores de sexta para terça-feira – saíram Alisson para entrar Ederson, Gabriel Barbosa para a volta de Gabriel Jesus e Lucas Paquetá, por Roberto Firmino. O time saiu de uma formação mais próxima do 4-3-3, que iniciou o jogo contra o Equador, para 4-2-4, com Richarlison e Jesus pelos lados e Neymar e Firmino pelo meio.

O que ensaiou na Granja Comary, usou nos jogos. Tem Neymar cada vez mais arco do que flecha, tem Richarlison de um lado, do outro. Ou Gabriel Barbosa na direita. Tem Firmino com Neymar pelo meio, tem dois pontas. Teve Paquetá pelo lado, recuado como meia ao lado de Casemiro… A seleção de Tite hoje tem mais repertório e isso não significa nada além disso. A um ano e meio da Copa, o treinador busca aperfeiçoar mecanismos do time e lapidar os atletas para vencer os jogos.

O entrosamento da equipe é nítido. Eder Militão vai muito bem ao lado de Marquinhos e consegue buscar alternativas de jogo como fazia Thiago Silva, com lançamentos precisos nos deslocamentos dos atacantes pelos lados de campo. Se a pressão é forte na saída pelo meio, Casemiro ou Fred abrem de primeira para as laterais, se deslocam para receber e mexem no tabuleiro. Pelo meio chegam Neymar e Firmino, desta vez de menor participação na partida.

É verdade que desafios muito maiores ainda virão pela frente – e vai ficar a sensação, diante de uma campanha com seis jogos, seis vitórias e apenas dois gols sofridos (no mesmo jogo, vitória por 4 a 2 sobre o Peru), da falta de enfrentamentos mais difíceis -, mas Tite ajusta a seleção brasileira com sequência de vitórias e dá rodagem e confiança a atletas.

Era essa uma preocupação da comissão técnica no meio do processo de renovação. Jogador importante como Ederson tem apenas 12 jogos com a camisa da Seleção. Militão fez o nono. Paquetá, autor do segundo gol em lindo toque de primeira, completou seu 15º. Douglas Luiz e Renan Lodi, titulares no início das Eliminatórias, têm seis e oito, respectivamente.

Depois de tantos problemas – com queda preventiva de presidente da CBF e até ameaça de boicote à competição -, a arrancada das Eliminatórias e a Copa América servem para Tite tirar novas conclusões e seguir caminho para o Catar.

A seleção brasileira ganhou folga nesta quarta e quinta-feira. A reapresentação está marcada para sexta-feira, em São Paulo. O time de Tite vai treinar no CT do São Paulo e deve viajar para Brasília no dia 12, véspera da estreia na Copa América, contra a Venezuela, no domingo (13). O jogo será disputado no estádio Mané Garrincha.

Fonte: GE

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