Quem é quem no núcleo militar que negociou compra suspeita de vacinas

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A Davati Medical Suplly foi recebida por toda a “cúpula militar” do Ministério da Saúde após intermediação de militares ativistas de uma organização não governamental, o Instituto Força Brasil, investigada no inquérito dos atos antidemocráticos, aberto no Supremo Tribunal Federal (STF), e pela Comissão Parlamentar de Inquérito Mista das Fake News.
A revelação foi feita pelo representante comercial da Davati Cristiano Carvalho, que presta depoimento, nesta quinta-feira (15), à Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19 do Senado.
Cristiano foi o responsável pela contratação de outro representante, Luiz Paulo Dominguetti, que denunciou a cobrança de propina de US$ 1,00 por cada uma das 400 milhões de doses de vacinas que a Davati afirmava ter para vender ao Governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Militares na ‘jogada’

A suposta propina teria sido pedida pelo ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, um ex-sargento da Força Aérea. O próprio Dominguetti é militar, sendo cabo da Polícia Militar de Minas Gerais, lotado em um quartel do município de Alfenas.
O encontro entre o cabo Dominguetti e o “sargento” Roberto Dias foi acertado pelo tenente-coronel Marcelo Blanco, assessor do Ministério da Saúde até o dia 19 de janeiro. Blanco apresentou Domingueti a Roberto Dias durante um jantar no restaurante Vasto, localizado em um shopping de Brasília que fica em frente ao hotel em que estava o representante da Davati.
Um dia após esse jantar, no dia 25 de fevereiro, Dias marcou uma reunião entre Dominguetti no Ministério da Saúde. Na véspera do encontro, Marcelo Blanco abriu uma empresa para comercializar medicamentos e insumos para a saúde.
Em outra frente de trabalho para conseguir fechar o negócio com o ministério, Cristiano Carvalho recorreu à organização não-governamental Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), presidida pelo reverendo Amilton Gomes de Paula.
Amilton, por sua vez, o apresentou ao coronel da reserva do Exército Hélcio Bruno, colega de turma do então secretário-executivo do ministério, o coronel Élcio Franco. Hélcio e Amilton conseguiram levar Dominguetti para uma reunião com Élcio no ministério, em fins de fevereiro, no qual trataram da compra das vacinas que a Davati alegava ter para pronta entrega.
Nessa reunião no ministério, Cristiano e Dominguetti negociaram também com o coordenador-geral de Planejamento do ministério, o coronel Cleverson Boechat Ponciano, e com o diretor de Programas do ministério, o coronel Marcelo Pires.
Um outro militar que atuou na aproximação da Davati Medical Suplly com o ministério foi o assessor do Adido Militar da Embaixada Brasileira em Washington, o coronel da Aeronáutica da reserva Glaucio Octaviano Guerra. Segundo Cristiano Carvalho, o coronel Guerra foi o responsável por aproximar a Davati, uma empresa que não comercializava medicamentos, mas tinha atuação na construção civil, do reverendo Amilton Gomes de Paula, da Senah, e Hélcio Bruno, do Instituto Força Brasil.
Também do Força Brasil, participou da reunião com Élcio Franco o major da Aeronáutica Handerson Araújo, conhecido nas redes sociais por atacar os trabalhos da CPI da Covid-19. “A Davati, uma empresa muito suspeita, teve contato com toda a cadeia de comando do Ministério da Saúde, o senhor Dominguetti tomou um chopinho de fim de tarde com o sargento Roberto Dias. E esse major Handerson Araújo vive a nos atacar nas redes, mas agora sabemos o por quê”, explicou o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP).
Para a senadora Simone Tebet (MDB/MT), essas negociações com a Davati ocorrendo em várias frentes de atuação sinalizam que havia uma “guerra de quadrilhas” querendo fraudar a aquisição de vacinas para o povo brasileiro. “O pior de tudo é que envolve agora um núcleo militar”, espantou-se Simone Tebet.
 
Fonte:
Texto: Gerson Severo Dantas

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