Um cristão que foi rejeitado por sua família muçulmana e preso na Nigéria, depois se converter ao Evangelho e se tornar pastor, compartilhou a forma como vários de seus companheiros de cela se converteram ao cristianismo como resultado de seu testemunho.
O organização de apoio à Igreja Perseguida, Portas Abertas compartilhou a história de Bulus, que até cerca de seus 20 anos de idade, viveu uma vida semi-nômade, típica dos muçulmanos Fulani que vivem na Nigéria. Ele cresceu aprendendo a temer a Alá e participar do habitual ritual de fazer suas orações islâmicas cinco vezes ao dia.
Um dia, no entanto, um grupo de cristãos visitou sua aldeia. “Uma equipe de missionários veio à nossa aldeia. Depois de ouvir a mensagem que eles pregaram, entreguei a minha vida a Cristo”, explicou Bulus.
Não surpreendentemente, os parentes muçulmanos de Bulus ficaram furiosos ao saber de sua nova fé.
“Em suas mentes, ser um Fulani também significa ser muçulmano. Os dois fatores são inseparáveis e se sentiam na obrigação de fazer o que pudessem para que eu voltar ao Islã”, disse ele.
Quando Bulus se recusou a rejeitar o cristianismo, seu pai o desprezou, tirando sua herança, e o status de seu clã. Eventualmente, seus parentes ameaçaram matá-lo, o que levou Bulus a fugir para a região de Jos. Lá, ele se inscreveu para estudar como seminarista em um instituto bíblico.
“Eu completei o seminário em quatro anos”, disse ele. “Naquele tempo eu aprendi muito sobre Cristo e experimentei Sua provisão na minha vida. Mas também foi um tempo muito solitário. Eu não tinha amigos, nem família, nenhuma rede de apoio. Eu estava com raiva de minha família por causa da maneira como eles me trataram. Mas durante o curso eu também aprendi muito sobre o perdão. Depois de me formar, queria ir para casa, para ver se havia algum jeito de meus pais e eu nos reconciliarmos”.
Mas quando Bulus voltou para casa, buscando se encontrar com seus pais, ele encontrou ainda mais oposição.
“O ódio deles aumentou, especialmente quando eles ouviram que eu havia me tornado pastor”, disse Bulus. “Antes que eu pudesse partir, parentes me cercaram e começaram a me bater. Achei que ia morrer, mas eles me levaram para a delegacia de polícia e me acusaram de roubar algumas de suas cabras”.
“Apesar do fato de que não havia nenhuma prova, a polícia me prendeu. Cinco dias depois, eles me levaram ao tribunal. Não tive a oportunidade de me defender, mas fui mantido na prisão de qualquer maneira”, acrescentou ele.
Campo missionário na prisão
Hoje, Bulus permanece em uma prisão compartilhada de Bauchi, onde as condições são extremamente precárias.
“Bulus e os outros prisioneiros estão sofrendo com a desnutrição, pois o alimento é insuficiente para todos. Eles também sofrem com ataques regulares de diarreia”, observou a Missão Portas Abertas.
“Eu não estava feliz quando cheguei pela primeira vez àquela prisão”, disse Bulus. “As falsas acusações de roubo contra mim foram muito desanimadoras”.
No entanto, Bulus começou a lembrar como o próprio Jesus Cristo foi torturado – e morreu crucificado – pelos pecados que Ele não cometeu.
“Jesus, que não pecou, sofreu muito. Ele morreu, sofrendo com muita dor, pendurado numa cruz, ao lado de criminosos”, disse ele. “Eu percebi que eu tinha que viver como Ele e pegar a minha cruz. Desde o momento em que eu decidi isso, me livrei dos meus fardos e vi a suficiência da graça de Deus na minha vida. Eu decidi usar meu tempo na prisão para pregar o Evangelho”.
“Muitas pessoas não gostam que eu evangelize, mas eu continuo mesmo assim. Recebi a esperança de Deus, que me fortalece para continuar trabalhando em Sua obra, para a qual Ele me chamou”, acrescentou.
Desde a prisão de Bulus, muitos prisioneiros começaram a entregar suas vidas a Cristo por causa de seu testemunho, e seus companheiros de cela frequentemente recebem conselhos do pastor, que também ora junto com eles.
Um missionário falou à Portas Abertas sobre como Bulus tem permanecido firme em sua fé, apesar das tribulações.
“Bulus é diferente. Ele parece estar em paz, mesmo quando enfrenta dificuldades”, afirmou.
A missão Portas Abertas informou que conseguiu advogados para defender Bulus neste caso. No entanto, como ele é ex-muçulmano, haverá muita pressão sobre o sistema judicial local para que pastor seja julgado pelo tribunal da Lei Sharia. Apesar disso, os advogados designados pela Portas estão trabalhando duro para que este caso seja julgado por um tribunal secular.
De acordo com um relatório de 2001, emitido pela CIA, cerca de 50% da população da Nigéria é muçulmana, 40% são cristãos e 10% aderem às religiões locais. No entanto, a Nigéria ocupa o 12º lugar na lista dos países onde os cristãos enfrentam a maior perseguição, e recebeu a pontuação máxima na categoria de violência.
Ao longo do ano passado, os Fulani – predominantemente muçulmanos – lançaram numerosos ataques contra cristãos no norte e centro da Nigéria. No mês passado, grupos armados sequestraram um pastor enquanto ele e seu motorista estavam viajando pela Nigéria central. Somente neste ano, 18 cristãos foram feridos e duas aldeias invadidas pelo grupo extremista.
A Portas abertas observa que, embora a maior parte da perseguição contra os cristãos seja por parte dos Fulani, o governo mostrou pouco interesse em responder à violência contínua.
(Guiame)