Omar Aziz (PSD), presidente da CPI da Covid, criticou o ministro Onyx Lorenzoni (DEM) pelo pronunciamento feito hoje, no qual afirmou que a PF (Polícia Federal) vai investigar o deputado Luís Miranda (DEM). Aziz entende que Onyx disse isso para intimidar uma testemunha e pode resultar em prisão.
Luís Miranda disse à imprensa que alertou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre um suposto esquema de corrupção envolvendo a compra da Covaxin. Ele contou que fez isso em 20 de março. Existem suspeitas de que, posteriormente, o governo federal comprou a Covaxin por um preço 1.000% maior do que, seis meses antes, foi anunciado pela própria fabricante. Luís deve ser ouvido como testemunha da CPI da Covid na sexta-feira (25).
Onyx afirmou que Luís falsificou documentos e por isso cometeu denunciação caluniosa, fraude processual e prevaricação. Mas Aziz entende que essas acusações do ministro são apenas para intimidar Luís.
“Onyx, deixa eu explicar pra você: ameaçar e intimidar testemunha pode causar dano irreparável, porque a Justiça age. Todos que tentam intimidar testemunha têm prisão. E não é prisão que vai passar 2 ou 3 dias. Fica preso. Qualquer tipo de intimidação ou ação desproporcional em pessoas que estão sendo testemunhas tem consequências graves. Acho melhor, ministro Onyx, ir devagar que o santo é de barro. A gente está querendo investigar sem fazer juízo de valor. Você deu uma versão hoje. Ele deu uma versão de manhã. E a CPI vai saber qual é o fato verdadeiro”, prometeu o presidente da CPI, em entrevista à Globonews.
Aziz também questionou por que Bolsonaro não fez nada quando teve o primeiro contato com Luís e os documentos que supostamente comprovavam a corrupção. “Se era falso, se tinha ilegalidade, era importante o presidente ter se posicionado naquele momento. Por que não foi dito lá atrás? Encaminhei hoje um pedido à PF para informar se tem procedimento aberto em relação a esse documento. Não recebi informação, mas terei”, contou Aziz.
Sobre a possível corrupção na compra da vacina Covaxin, Aziz afirmou que tudo indica que houve uma prioridade para essa vacina, apesar dela ter piores condições do que outras.
“Perguntamos para o Barra Torres (diretor da Anvisa) sobre essa vacina. Ele foi muito duro e disse ‘não temos certeza da pureza dessa vacina. Essa vacina pode vir com outro tipo de doença e se espalhar a partir de aplicada’. E até hoje não foi dada essa informação pedida pela Anvisa. O governo teve empenho com a única vacina que não é comprada diretamente pelo Brasil, que teve uma empresa brasileira intermediando. Isso nos leva a crer que houve direcionamento, uma prioridade, para compra da vacina da Índia”, concluiu Aziz.
Fonte: UOL