Um soldado da Polícia Militar que atua em Vila Velha, na Região Metropolitana de Vitória (ES), está sendo alvo de um processo administrativo interno ao se recusar a usar armas de fogo em qualquer situação.
Segundo ele, que disse expressamente sua recusa, é que com a sua fé cristã, “Deus o dará o livramento de situações extremas que o obriguem a tirar a vida ou agredir alguém”.
De acordo com A Gazeta, o caso virou um processo administrativo pelo fato do soldado ter sido questionado, em sindicância, caso estivesse numa situação interna ou interna que demandasse uso de arma de fogo. Sua resposta foi indecisa.
“Respondeu que não saberia dizer como iria reagir […] além de outras alegações causadoras de impedimento de empenho militar em atividades operacionais”, contém um trecho da sindicância, cuja reprodução foi publicada no Boletim Geral da PM número 37, na última sexta-feira (11), uma publicação interna.
O local de atuação do policial é na 5ª Companhia do 4º Batalhão da PM, que se localiza no bairro Aribiri, Vila Velha. O policiamento executado pelo batalhão compreende uma larga região da cidade que enfrenta tráfico de drogas e violência.
Com a sindicância que foi aberta em maio, foi transformado num Procedimento Administrativo Disciplinar de Rito Ordinário (PAD-RO). A ação pode gerar o afastamento do policial de suas atividades. Segundo o jornal, tudo começou com relatos de colegas sobre a recusa do policial em usar armas de fogo.
Por meio de uma nota da Polícia Militar, foi garantido que, no processo administrativo, o policial terá direito de defesa, tendo resguardadas todos os ritos legais e a ética profissional. Mesmo assim, a atitude do policial gera controvérsias.
O sargento Renato Martins Conceição, presidente da Associação dos Cabos e Soldados, discordou da ação do policial processado. “Claro que a arma é o último recurso, mas tem hora que ela não defende só a própria vida, mas também do companheiro de trabalho e do cidadão”.
“Não dá para consentir que o policial trabalhe no serviço operacional desarmado. Não dá para aceitar isso. Se ele for associado, ele vai ter a assessoria, mesmo para dizer que o que ele quer é indefensável”, acrescentou.
O sargento Conceição também disse que o uso da arma é previsto desde o momento em que o policial faz o concurso público. “É a primeira vez que vejo isso. Só ouvi isso no passado, história de policiais que usavam a arma sem munição. Mas era lenda urbana. A arma de fogo é necessária”.