Pedaços ocultos de texto escritos em hebraico e aramaico foram revelados em quatro fragmentos de manuscritos do Mar Morto que há muito pensava-se estar em branco.
Os pedaços de pergaminho foram escavados por arqueólogos e doados a um pesquisador britânico na década de 1950, reforçando sua autenticidade no momento em que outros supostos fragmentos do documento provaram ser falsos.
Escondidos por membros de uma seita judaica há quase 2.000 anos, os Manuscritos do Mar Morto contêm alguns dos mais antigos fragmentos conhecidos da Bíblia Hebraica. Nas décadas de 1940 e 1950, os membros de uma tribo beduína e arqueólogos redescobriram esses textos nas cavernas áridas de Qumran, um local a cerca de 20 quilômetros a leste de Jerusalém, na Cisjordânia, com vista para o Mar Morto.
Alguns anos atrás, uma equipe de pesquisadores começou a estudar os artefatos achados cavernas que acabaram sendo dispersos para museus e coleções em todo o mundo.
“Nos primeiros dias da pesquisa, nos anos 50 e 60, as escavadeiras às vezes doavam muitos artefatos, geralmente cerâmica, a museus colaboradores como presentes”, explicou Dennis Mizzi, professor sênior de hebraico e judaísmo antigo da Universidade de Malta à revista Smithsonian.
Mizzi e seus colegas suspeitam que algumas evidências das cavernas tenham se perdido ou esquecido ao longo do caminho, à medida que esses objetos foram separados de seu contexto original.
Eles descobriram um papiro em decomposição que antes era considerado esterco de morcego na tampa de um vaso de Qumran, mas eles não pretendiam procurar textos perdidos.
No entanto, os pesquisadores revisitaram uma coleção de fragmentos supostamente em branco dos Manuscritos do Mar Morto que o governo jordaniano deu a um especialista da Universidade de Leeds, no Reino Unido, na década de 1950.
Como os fragmentos pareciam estar “em branco”, eram considerados inúteis para os estudiosos da Bíblia, mas perfeitos para testes de datação.
“Quando os fragmentos foram submetidos às análises, eles cortaram amostras muito finas (não maiores que alguns mm) dos fragmentos existentes. Em outras palavras, eles não enviaram fragmentos inteiros para essas análises”, acrescentou Mizzi.
Essa coleção foi doada à Universidade de Manchester em 1997 e permaneceu armazenada na Biblioteca John Rylands desde então.
Ao examinar um fragmento supostamente em branco dessa coleção, a pesquisadora Joan Taylor, do King’s College London, pensou ter visto vestígios de um lamed – a letra hebraica “L”.