Os estúdios de Hollywood e canais de televisão em quase todo o mundo tem dado espaço crescente para o transgenderismo. Filmes, novelas, seriados, programas de entretenimento e até notícias estão mostrando pessoas que mudam de gênero como algo normal.
Contudo, um estudo recente mostra que isso não é por acaso. A intenção é mudar a maneira como o público pensa sobre esse tema. E com sucesso.
Durante décadas o desejo de ter outro corpo, do sexo posto, era visto como um transtorno mental, sendo necessário terapia. O homossexualismo, na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde, se encaixava na categoria 320 Personalidade Patológica, como um dos termos de inclusão da subcategoria 320.6: “Desvio Sexual”.
Gradualmente foi saindo da categoria “Personalidade Patológica”, passando para a categoria “Desvio e Transtornos Sexuais” (código 302), e só deixou de ser considerado doença em 1990, muito por causa do trabalho de grupos ativistas.
O trangenderismo ainda é classificado como distúrbio, mas em breve pode seguir o mesmo caminho e, por conta da pressão política, deixar de ser visto dessa forma.
Os aspectos culturais da mídia e sua influência sobre a sociedade é ponto pacífico para os estudiosos das ciências humanas. O novo estudo, publicado em agosto por uma revista científica norte-americana, revela como a televisão apresenta transgêneros como algo positivo e normal e como isso muda a maneira dos espectadores verem o tema.
Em resumo, quanto mais as pessoas estão expostas ao transgenderismo na tela, mais possuem uma visão positiva sobre isso.
Seriados x Noticiários
Por exemplo, o seriado Royal Pains, do canal USA, apresenta um adolescente transgênero interpretado pela ativista transexual Nicole Maines. Dos 488 espectadores regulares do programa entrevistados como parte do estudo, 391 deles, ou aproximadamente 80%, dizem que sentiram uma “atitude positiva” em relação às pessoas transgênero e políticas sobre o tema, incluindo a permissão para os alunos usarem qualquer banheiro que achem que corresponde ao seu gênero nas escolas.
Para efeitos de comparação, o enredo de ficção de Royal Pains foi mais eficaz em fazer as pessoas aceitarem o transgenderismo que a transformação da vida real do ex-campeão olímpico Bruce Jenner em “Caitlyn”, que foi retratado em um reality show, de acordo com a pesquisa não afetou a atitude do público de maneira considerável. Tanto é que a audiência foi insuficiente para o canal E! renovar após duas temporadas.
Outras séries de ficção que mostram personagens transgêneros, como Orange is the New Black da Netflix, demonstraram ter efeitos semelhantes sobre os telespectadores, gerando na audiência um sentimento de apoio aos transgêneros.
Quanto mais programas favoráveis ao transgenderismo as pessoas assistem, afirma o estudo, fica mais provável que esses espectadores não associem suas ideologias políticas às atitudes em relação às pessoas trans.
Em outras palavras, o aumento da exposição ao “estilo de vida transgênero” faz com que as pessoas fiquem menos inclinadas a se opor a elas, o que aumenta a aceitação pública de alguém mudar de gênero.
“Embora a visibilidade da mídia de pessoas transgêneros tenha atingido novos níveis nos últimos anos, pouco se sabe sobre os efeitos dessa visibilidade”, explica Traci Gillig, que faz doutorado na Annenberg School for Communication and Journalism da Universidade do Sul da Califórnia. Ela aponta que este é o primeiro estudo do tipo a analisar o tema da programação de mídia e dessa tentativa de engenharia social.
Os resultados desta pesquisa mostram claramente que a caracterização de trangêneros no entretenimento convencional tem uma grande influência sobre as percepções públicas sobre o tema e as políticas públicas relacionadas e eles.
“Assistir a programas de TV com personagens transgêneros pode quebrar os preconceitos ideológicos de uma forma que os programas de notícias não conseguiriam. Isto é especialmente verdade quando as histórias inspiram esperança ou quando os espectadores passam a se relacionar afetivamente com os personagens”, resume Erica Rosenthal, que fez parte da equipe que conduziu a pesquisa.
Science Daily