Pastor que orava por doentes é arrastado e espancado por multidão na Índia

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Os casos de perseguição religiosa com violência física contra cristãos na Índia voltaram a ser registrados no país após a flexibilização do confinamento imposto como medida de contenção à pandemia de Covid-19. Um desses envolveu um espancamento de um pastor que orava por uma pessoa doente.

Em um dos oito ataques contra cristãos desde que o confinamento foi parcialmente suspenso na Índia, há duas semanas, uma multidão de cerca de 150 pessoas arrastou um pastor para a rua e o espancou enquanto ele fazia uma oração por uma pessoa doente. O caso foi registrado na aldeia Kolonguda, no estado de Telangana, na região sul da Índia.

“Eles me chutaram como se chutassem uma bola de futebol”, disse o pastor Suresh Rao, plantador de igrejas, num relato feito à International Christian Concern, entidade que se dedica a monitorar a perseguição por motivos religiosos a cristãos ao redor do mundo.

A Índia vive um momento político considerado extremista, com o líder ultranacionalista Narendra Modi, do Partido Bharatiya Janata, no comando do país desde 2014. Leis de restrição da liberdade religiosa, chamadas de “anti-conversão”, foram aprovadas em 2018, com o texto presumindo que evangelistas “forçam” ou dão benefícios financeiros aos hindus para convertê-los ao cristianismo.

Embora essas leis existam há décadas em alguns estados, nenhum cristão havia sido condenado por converter “à força” alguém ao cristianismo. No entanto, com a aprovação a nível nacional, grupos nacionalistas hindus têm feito acusações falsas contra os cristãos e lançado ataques sob o pretexto da suposta conversão forçada, e muitas vezes com vista grossa das autoridades.

Os cristãos formam uma minoria religiosa na Índia, e vêm sofrendo ataques recorrentes, mesmo com o confinamento durante a pandemia de Covid-19. De acordo com informações do portal The Christian Post, no estado centro-leste de Chhattisgarh, hindus proibiram os cristãos de enterrar seus mortos até que pagassem multas por não participarem de festivais e rituais da religião.

Os cristãos foram coagidos a fazerem “restituição” por não participarem ou doarem a rituais religiosos nessas aldeias durante todos os anos passados, além de pagarem uma multa adicional antes que seus mortos pudessem ser enterrados nos cemitérios locais.

O United Christian Forum na Índia, uma organização cristã que defende os cristãos na Índia, documentou 56 ameaças contra cristãos e 78 incidentes de violência entre janeiro e março de 2020. Na maioria dos casos, os ataques foram perpetrados por multidões que se opunham à realização de cultos pelos cristãos.

A Missão Portas Abertas classifica a Índia no 10º lugar em sua lista de países em que é mais difícil ser cristão por conta da perseguição. A organização missionária relata que os cristãos no país enfrentam níveis “horríveis” de violência por parte dos extremistas, com milhares de ataques ocorrendo todos os anos em diversas regiões.

Gospelmais*

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