Um caso de racismo praticado por um pastor durante uma live nas redes sociais, voltado aos próprios irmãos na fé, está sim investigação do Ministério Público do Paraná (MP-PR). O líder evangélico se referiu aos membros de uma igreja como “moreninhos encardidos e sujos”.
O caso envolveu Rodrigo dos Santos, em uma live na última sexta-feira, 12 de junho. A ofensa se dirigiu aos membros da Igreja Batista do Calvário, na cidade de Toledo (PR), durante uma conversa entre ele e sua mulher, que contavam aos usuários da rede social como se conheceram.
Santos, então, lembrou que sua mulher – que é loura – chamava atenção entre os demais fiéis da igreja na época em que a frequentavam, anos atrás. Atualmente ele vive na Suíça.
Com a repercussão, o pastor da Igreja Batista do Calvário de Toledo, José Marcelo dos Santos, se posicionou reprovando o comportamento de Santos, dizendo que a congregação não comunga de preconceito e racismo, e acrescentou que ele não frequenta a comunidade há oito anos.
Conforme informações do portal G1, a ativista Edna Nunes, representante da Embaixada Solidária de Toledo, Edna Nunes, além de integrantes da Associação dos Jovens Haitianos (Ajohavito), do Grupo Senzala de Capoeira e do Instituto Quilombo Tekoah, se reuniram na última quarta-feira, 17 de junho, e concordaram em processar o pastor Rodrigo dos Santos por racismo.
“O preconceito que sentimos na fala desse moço é o que a gente vê de forma velada todos os dias. Mas na sociedade, na escola, nas igrejas, o preconceito se mostra como um crime perfeito, pois as pessoas falam isso de forma mascarada no dia a dia”, comentou Edna Nunes.
Nesta quinta-feira, 18, os representantes dos grupos sociais registrarão um boletim de ocorrência.
O casal apagou a live das redes sociais diante das críticas. Ontem, 17, Santos publicou, em outra rede, um vídeo com um pedido de desculpas por sua declaração: ”Não era a minha intenção de forma alguma magoar alguém, ofender alguém e, de forma alguma, ser racista, mas agi com palavras infantis e estou aqui para reconhecer, e repugnar todas as minhas palavras, aquela minha atitude grosseira”, disse o pastor.
“Quero pedir perdão para todas as pessoas que eu tenha ofendido, em especial, a comunidade negra, que tem se ofendido com as palavras. Queria pedir o perdão de cada um de vocês”, reiterou.
Edna Nunes, no entanto, afirmou que os grupos de Toledo buscam apoio de outras entidades para a abertura do processo coletivo: “O racismo nunca deixa rastro, mas ele deixou. A gente está falando de um caso, mas atrás dele tem muita gente. Por isso, essa situação serve de alerta, para que a gente amadureça enquanto sociedade sobre o preconceito que vivemos.”
A promotoria de Justiça de Toledo reportou o caso ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), que afirmou que tomará as providências cabíveis após investigar os fatos.
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