O padre Riva Rodrigues de Paula, 42, de Alfenas, no Sul de Minas Gerais, foi vítima de injúria racial por fiéis na cidade. O padre optou por não registrar o caso e declarou que prefere que a sociedade tenha conscientização.
Com informações do jornal Estado de Minas, o padre chegou em Alfenas há dois meses e, segundo ele, é o primeiro vigário paroquial negro da Paróquia São José e Nossa Senhora das Dores. “Via telefone eles falaram muitas coisas. Era pra ser avisado quando o padre preto ia celebrar a missa, porque eles não gostam de negro”.
A última ofensa aconteceu na semana passada, quando foi celebrada a semana da Consciência Negra. “O casal chegando para celebração perguntou se era o padre preto fedido que ia celebrar a missa de novo”, declarou o padre.
“Eu acredito na força do amor e optei pela conscientização. A primeiro momento, as palavras tem um impacto muito grande sobre nós. Mas rezando, eu optei pelo desabafo, pela denúncia e levar o nosso povo a conscientizar, que nenhum tipo de preconceito é bem-vindo na nossa sociedade”, afirma.
De acordo com o padre, essa não é a primeira vez que é ofendido pela cor. Em 2013, ele também passou por situações parecidas em Poços de Caldas. “Aqueles que prezam pelo respeito à vida, tem que denunciar e falar desse mal, que ainda está vivo na nossa sociedade”, finaliza.
Nota de repúdio
“Nota de repúdio e apoio ao sacerdote Riva Rodrigues de Paula.A diocese de Guaxupé – Dom José Lanza Neto às paróquias de Alfenas a saber: com seus respectivos padres, vem por meio desta, repudiar os atos discriminatórios que sofreu padre Riva Rodrigues de Paula – vigário paroquial da paróquia São José e Nossa Senhora das Dores por parte de algumas pessoas deste nosso município de Alfenas em razão de sua cor de pele. São inaceitáveis atos de racismo em qualquer esfera da sociedade, principalmente em âmbito religioso – cujo lugar é propagar o respeito mútuo, o amor sincero e o diálogo. ‘Não podemos tolerar ou fechar os olhos ao racismo e à exclusão de qualquer forma e, no entanto, pretendemos defender a santidade de toda vida humana’, afirmou recentemente o Santo Padre Francisco em sua audiência pública de junho deste ano. O racismo, além de um ato discriminatório, e de um pecado gravíssimo, que viola a lei do mandamento de Deus, é um crime inafiançável, imprescritível, segundo a nossa constituição brasileira. Fica assim manifesto publicamente nossas orações, apoio e amizade ao referido sacerdote, e a certeza de que juntos venceremos e combateremos qualquer ato discriminatório que fere nossas comunidades paroquiais”.