BRASIL| “O que é que está acontecendo com o louvor?”. A pergunta feita anos atrás pelo pastor Paulo Júnior em uma de suas pregações parece que ainda não perdeu a validade. O pregador alertou sobre como o louvor (hoje abastecido basicamente pelos sucessos da música gospel) tem se distanciado do cumprimento de seu propósito maior: ser uma expressão de adoração a Deus.
Paulo Júnior apontou que as letras dos louvores atualmente têm surgido cada vez mais escassas de princípios bíblicos.
“Sabe o que mais me dói? É Yaveh, é Jeová ter que tolerar uma abominação dessas ‘em nome Dele’. Aquele que é três vezes santo, aquele que os serafins cobrem o rosto de vergonha por não poderem suportar a santidade, tem que tolerar uma maldição dessa”, disse o pastor. “Há uma ignorância absurda. O louvor contemporâneo não é bíblico, ele sai totalmente das prescrições das Escrituras”
O pastor continuou explicando que a música cristã deveria usada como uma maneira de exaltação a Deus, seguindo o modelo dos Salmos, que são uma espécie de “hinário” que a Bíblia proporciona à Igreja.
“Louvor vem do hebraico, que significa elogio. Elogiar quem? Elogiar o homem, a obra do homem? O livro de Salmos, com 150 capítulos, é o hinário de Israel. O Salmo 1 é um hino, um cântico. O Salmo 119, com seus quase 180 versículos, é um hino”, destacou.
“Então, se temos 150 hinos aqui no livro dos Salmos, qual é o teor dos Salmos? Quase 70% do livro de Salmos contêm os atributos de Deus, as qualidades que Deus arroga para si. Então, no que consistia o louvor de Israel? Cantar as qualidades de Deus: quem Deus é e o que Deus faz”, acrescentou.
Paulo Júnior alertou também que esse distanciamento do louvor contemporâneo de seu propósito original é um sinal da falta de intimidade com Deus, de conhecimento sobre Ele.
“Quando as pessoas sabem quem Deus é e o que Deus faz, elas vêm e adoram. Quando eu conheço quem Deus é, eu O temo; quando eu conheço quem Deus é, eu O glorifico; quando eu sei que o Deus faz, eu O adoro”, afirmou.
Conteúdo do louvor
Lembrando qual deveria ser sempre o conteúdo das músicas de adoração a Deus, Paulo Júnior se voltou para a própria Bíblia novamente.
“Qual [deve ser] o conteúdo do louvor? Salmo 119:54, ‘Sejam os Teus decretos o tema dos meus cânticos’. O que devemos cantar? Cante a Palavra de Deus. Estamos equivocados. Louvores que falam da necessidade do homem, das paixões sentimentais do homem, dos desprazeres emocionais do homem, louvores que levam o homem ao frenesi, ao êxtase”, alertou.
Citando a passagem de 1 Coríntios 15, o pregador afirmou que a irracionalidade dos louvores atuais não tem qualquer base bíblica.
“Louvarei ao Senhor com meus lábios, mas louvarei com entendimento’. Louvor tem que ter raciocínio. Eu tenho que saber o que eu canto. Eu canto a Palavra”, afirmou.
Cante doutrina
Para reforçar a dimensão do poder que o louvor possui, Paulo Júnior citou a passagem de Colossenses 3:16, que diz: “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração”.
“A Igreja de Colossenses estava sendo atacada pelas falsas doutrinas, gnosticismo, que era comum [na época]. A maneira deles se defenderem das heresias era colocar doutrina nos hinos. Cante doutrina”, explicou.
“Segundo Martinho Lutero, uma das maiores formas de propagação da Reforma Protestante não foram as 95 teses pregadas na porta da Catedral de Wintenberg, foram os seus 37 hinos, que ajudaram a difundir a Reforma Protestante por todo o mundo”, acrescentou