O nível do Rio Negro atingiu 29,95 metros em Manaus, nesta sexta-feira (28). É a segunda maior cheia da história desde o início dos registros em 1902 e está a apenas 2 centímetros de igualar o recorde de 2012, quando a água subiu até os 29,97 metros.
No Amazonas, 58 dos 62 municípios do estado enfrentam problemas causados pela cheia dos rios, segundo informou a Defesa Civil. O número de cidades que estão em situação de emergência chega a 26, segundo informou o órgão nesta sexta. O total de pessoas afetadas em todo estado passa de 455 mil.
Casa no Centro de Manaus está com o andar inferior todo coberto pela água. — Foto: Matheus Castro/G1
Em Manaus, o centro histórico registra vários pontos de alagamento. Além da Praça do Relógio, o prédio da Alfandega também foi atingido. A prefeitura da capital decretou situação de emergência.
Por causa da interdição das ruas com a subida da água, cerca de 24 mil pessoas em 15 bairros sofrem com a cheia do rio Negro na capital. Muitos moradores são obrigados a abandonar suas casas, mas alguns resistem em deixar tudo para trás. Nas casas invadidas pela água, a presença de bichos é constante. Uma família teve a cozinha invadida por peixes trazidos pela correnteza.
A rotina dos moradores do Centro é diretamente prejudicada, pois além das dificuldades para realizar tarefas simples, como entrar e sair de casa por causa da falta de pontes, há o medo de contaminação pela água insalubre.
Trabalhadores usam canoas para passar pelo centro de Manaus, atingido pelo cheia do Rio Negro — Foto: Eliana Nascimento/G1
Os comerciantes da região central reclamam dos prejuízos, com a água invadindo os estabelecimentos. O local onde funcionava a principal e mais tradicional feira da capital, a Manaus Moderna, também foi inundado e os feirantes foram transferidos para uma balsa.
Em alguns bairros, os moradores só conseguem se locomover em canoas, situação enfrentada inclusive no Centro, onde o uso de embarcações no transporte já se tornaram usuais. As famílias que tiveram suas residências atingidas pela água improvisam casas em barcos e tentam salvar móveis da cheia em Manaus.
A cheia também traz à tona outros problemas da capital. O artista plástico Jandr Reis fez uma instalação no Centro histórico de Manaus, usando luvas domésticas e isopor. O objetivo foi conscientizar as pessoas sobre o excesso de lixo, que fica evidente com a cheia dos rios no Amazonas.
Maiores cheias do Rio Negro
- 2012 – 29,97 m
- 2021 – 29,95 m
- 2009 – 29,77 m
- 1953 – 29,69 m
- 2015 – 29,66 m
- 1976 – 29,61 m
- 2014 – 29,50 m
- 1989 – 29,42 m
- 2019 – 29,42 m
- 1922 – 29,35 m
- 2013 – 29,33 m