“Não se pode pregar nas ruas, então usamos o relacionamento”, diz pastor sobre a China

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Foto: Reprodução/ Internet

O pastor Hermes Caires passou sete anos como missionário na China, país extremamente hostil aos cristãos. Segundo o líder, a região adota um sistema político que restringe qualquer tipo de evangelismo público. Por esse motivo, a melhor forma de falar de Jesus para um desconhecido é o relacionamento. Ele contou mais detalhes em entrevista para o programa Mente Aberta.

“O sistema religioso na China é um partido, uma ditadura onde não se tem liberdade de pregação nas ruas e o Partido Comunista, na prática, é o único partido. Existem outros menores, mas na prática é assim. Eles têm regras. Não é que existe oficialmente a proibição do culto. Oficialmente, todas as religiões podem ser professadas dentro dos contextos legais”, iniciou.

“Temos o que eles chamam de Igreja dos Três Poderes, que é a igreja independente em suas finanças, teologia e liderança. Por exemplo, você tem a igreja oficial católica chinesa e ela tem que ser independente em sua liderança, ela não pode responder ao Papa. Independente nas suas finanças, não pode receber dinheiro do Vaticano. E tem que ser independente em sua teologia, ou seja, produzir a sua própria”, explicou.

Ele ainda ressalta: “Eu não diria que isso seja negativo, quando a gente estuda o movimento de igrejas autóctones, elas têm. O problema é colocar isso em um primeiro momento onde a igreja não tem maturidade, onde a igreja ainda está caminhando para essa dependência”, disse.

Dificuldades

O pastor explica que há diversas dificuldades para se abrir uma igreja. “Isso também não quer dizer que um pastor chinês pode abrir uma igreja em qualquer lugar. Você precisa de autorização do governo para abrir um templo. Então, você vai ver cidades com 4 milhões de habitantes com um templo só. E o pastor tem que ser formado em um seminário oficial. Não tem liberdade para se abrir seminários e estudar em qualquer lugar. Tem que ser indicado, aprovado pelo partido, pelos caminhos legais”, explicou.

“Então, você vê que já existe um filtro nessas pessoas. Como o partido é comunista, eles vão dizer: ‘Não é permitido nenhuma pregação que seja utópica’. Então, há censura. Por exemplo, Jesus cura, salva, liberta e voltará. Isso é ‘utopia’. Então você pode pregar desde que você passe pelo sensor. É muito comum ver nas igrejas oficiais salas de câmeras. São policiais locais que ficam analisando e isso causa um incômodo para a maioria dos cristãos. A maioria crescem teologicamente nas igrejas clandestinas, que são as igrejas caseiras, que é onde a gente encontra esse número de 100 milhões de chineses”, pontuou.

Relacionamento

Hermes ainda explica que o evangelismo local se dá por meio de relacionamentos. “Não se pode pregar nas ruas, então usamos o relacionamento. Até por uma questão de segurança. Por exemplo, um estrangeiro. Muita gente chegava para mim e dizia ‘posso conversar com você?’ Aqui no Brasil seria uma excelente oportunidade de pregar o Evangelho para essa pessoa, mas será que ali seria seguro? Eu não conheço essa pessoa. Então, ali eu conversava em inglês e a partir do relacionamento a gente compartilhava a nossa fé com aquela pessoa e eu vi nesse processo até militar chinês recebendo o Senhor Jesus como seu Senhor e salvador, mas em um processo bem de relacionamento. Não pode ser agressivo, sem estratégia”, colocou

(Guiame)

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