A proposta de mudança do Terminal Rodoviário é mais uma vez alvo de discussão em Manaus, após a realização de uma audiência pública feita pelo Defensoria Especializada em Interesses Coletivos (DPEIC) da Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), a fim de ouvir a população e demais órgãos sobre tal iniciativa. Em suma, a Prefeitura busca transferir a Rodoviária – atualmente localizada no bairro Flores, zona Centro Sul – para onde reside o Terminal 6, no Conjunto Viver Melhor, na zona Norte da capital, sendo este um processo não apoiado por grande parte da população manauara.
Entre as principais reclamações apresentadas por quem transita neste local, indo desde quem trabalha ali até passageiros, é que o espaço atual é mais bem localizado que o seu sucessor, que se encontra em outro extremo da cidade. A reportagem de A CRÍTICA esteve na rodoviária e pode constatar que mesmo sendo um espaço deteriorado, parte expressiva da população ainda prefere estar ali do que ir para outro local.
De acordo com um taxista que trabalha no Terminal Rodoviário, e que preferiu não se identificar, mesmo sendo uma mudança boa para alguns, o que interessa mesmo é a opinião dos clientes, que até o momento desaprovam tal mudança.
“Pra nós taxistas seria melhor, porque ficaria até mais perto pra gente, mas para os clientes ficaria muito longe e são eles que nos interessa nesse caso, porque se eles não forem para lá, a gente perde a nossa renda. Então eu não gosto dessa possibilidade de mudança, é muita contramão e aqui não, é algo mais no meio de Manaus. Pra mim, uma reforma geral em toda essa rodoviária seria mais interessante que tirar ela daqui”, relata o táxista.
Já para o ambulante João Paulo Ferreira, tal mudança pode acarretar uma queda nas vendas, e consequentemente na arrecadação dos comerciantes do entorno do atual terminal rodoviário, bem como quem também vai seguir para trabalhar na nova rodoviária.
“A gente já está acostumado aqui já, então sair pra ali seria muito cansativo. Isso tudo vai prejudicar o meu trabalho, porque pra chegar lá eu vou gastar muito mais, então imagina se não houver retorno, se as pessoas não forem para lá. As pessoas vão sentir muito falta daqui, porque eu sei que aqui está faltando muita coisa, mas aqui ainda é no meio de tudo, e lá não, além de ser muito feio. Nunca chegaram e conversaram com a gente, pelo menos não comigo, então a gente fica chateado por causa dessas coisas”, opina.
Outro ponto questionado pelos usuários do atual terminal rodoviário é a segurança, afirma a comerciante Marilane Macedo, que trabalha há 24 anos naquela área. Segundo ela, a possibilidade de uma reforma no atual terminal parece mais aceitável que a mudança para a zona Norte de Manaus.
“Eu sei o que as pessoas falam, e dizem que o Viver Melhor é um lugar muito perigoso. Se alguma coisa acontecer aqui a polícia já demora uma hora a chegar, imagina para ali que é mais distante. Eles dizem que ninguém vai ficar desamparado, que todos terão um lugar para trabalhar lá, mas nós vamos ter segurança. Vocês estão vendo esse local como está agora, que dizem não ter mais condições por causa da insalubridade, mas isso já é de muito tempo, não é de agora. Então por que não só reformar mesmo?”.