Manaus pode sofrer com terremotos induzidos pela exploração de gás, diz pesquisa da Unicamp

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A cidade de Manaus pode sofrer com terremotos no futuro, aponta uma pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com a Universidade de Córdoba, na Argentina, e Johns Hopkins University, em Nova York. O fenômeno aconteceria pelo fato de a região estar em uma área onde existem falhas neotectônicas e comportar atividades de exploração de gás, que induzem eventos sísmicos. O estudo inédito foi publicado na revista Earthquake Spectra.

Os pesquisadores estavam interessados em investigar os impactos que a exploração de gás pode trazer a regiões que não possuem registro recorrente de terremotos ou outros tipos de abalo sísmico, como é o caso da área de Manaus. A região também foi escolhida por estar sobre uma das maiores reservas de gás do país — o que vem gerando interesse do Ministério de Minas e Energia do Governo Federal.

Os terremotos na área, segundo um dos pesquisadores, Luiz Vieira, da Unicamp, aconteceriam pela penetração da água utilizada na extração no gás entre as falhas neotectônicas, gerando os abalos.

A exploração de gás se dá pela injeção de água, em alta pressão, nas rochas onde esses gases estão depositados. Depois desse processo, a água, altamente contaminada, é colocada em poços extretamente profundos, e é daí que elas conseguem penetrar nas falhas — explica Vieira.

Esta é a primeira vez, de acordo com o especialista, que se conseguiu provar, pela análise de dados, a possibilidade real de existerem terrremotos em áreas do Brasil, país que tem poucos eventos de atividades sísmicas. A pesquisa também funciona como um alerta para os riscos da atividade de extração de gás.

— O Ministério de Minas e Energia tem interesse em incentivar essa atividade, mas vale lembrar que outros países tem relatado vários problemas. Um terremoto na região teria impactos principalmente por conta da vulnerabilidade das residências da região metropolitana. Com isso, esse tipo de atividade de extração deve ser evitada em zonas próximas a áreas urbanas — alerta o pesquisador.

De acordo com o IBGE, mais da metade da população manauara (53%) vive em ocupações irregulares, o que representa 348 mil famílias. Caso terremotos passem a acontecer, a capital do Amazonas, que possui área construída estimada em US$ 21 bilhões, pode ter uma perda média de US$ 189 milhões por ano:

— As normas brasileiras de construção não estão preparadas para projetar edificações protegidas para abalos císmicos, já que o fenômento não é recorrente no país. O estudo vem, inclusive, para isso, mostrar o que pode acontecer e como se prevenir.

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