Laudo diz que Bianca Toledo pode ter induzido filho a dizer que foi abusado, diz advogado de Felipe Heiderich

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FOTO: REPRODUÇÃO

BRASIL| O advogado do pastor Felipe Heiderich divulgou nota explicando alguns detalhes do processo que levou à absolvição do réu em primeira instância e afirmou que o filho da cantora Bianca Toledo pode ter sido sugestionado a dizer que sofreu abusos do padrasto, já que o laudo da Polícia Civil não verificou qualquer situação vivida pela criança nesse sentido.

Leandro Meuser publicou a nota oficial na página de seu escritório de advocacia no Facebook, destacando que o processo ainda corre em segredo de Justiça. A iniciativa de divulgar um comunicado foi pensada, segundo o advogado, para “explicar alguns pontos acerca do caso concreto”.

“Um dos fatores que levou a deflagração de Ação Penal no ano de 2016 foi a existência de dois laudos fornecidos pela Representante Legal do Menor, que em Juízo, foram descartados por terem sido elaborados por pessoas próximas da Representante do menor e carecem da necessária imparcialidade”, contextualiza a nota.

Em seguida, Meuser frisa que “o único laudo oficial produzido pela Polícia Civil deste Estado [Rio de Janeiro], por dois profissionais isentos, qualificados e de larga experiência, não concluiu pela existência de qualquer abuso, verificando também que a suposta vítima foi possivelmente sugestionada pela Mãe para dar falsas informações aos entrevistadores”.

Felipe Heiderich tem se manifestado em entrevistas, dentro dos limites do que o Segredo de Justiça permite, e revelado detalhes do que aconteceu com ele durante os anos em que o processo tramitou.

Ao jornal Extra, o pastor contou que desenvolveu transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), uma doença associada a episódios de intenso desgaste, que pode causar lembranças intrusivas, flashbacks, pesadelos e a sensação de reviver os momentos angustiantes.

“Fui tratado da forma como você imagina que um acusado de pedofilia é tratado, mas, pela graça de Deus, não fui estuprado”, disse o pastor, que ficou preso por cinco dias na Cadeia Pública José Frederico Marques (Bangu 10), no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio de Janeiro.

Após conseguir sua liberação para responder ao processo em liberdade, Felipe Heiderich tentou retomar a vida, mas chegou a receber ameaças. Agora, com sua absolvição, ele pretende retomar a vida: Agora é tudo tão novo. Imagina uma criança que acabou de nascer. Ontem (quinta-feira, 03 de maio) fui cortar o cabelo. Foi a primeira vez que fui sozinho para um shopping [desde a denúncia]. Estava com trauma. Tinha medo de ser apedrejado. As pessoas me trataram bem, pediram para tirar fotos. Foi uma libertação. É um passo de cada vez. Os advogados vão cuidar de tudo relacionado ao processo. Eu só quero reaprender a viver”, afirmou.

VEJA ALGUNS TRECHOS DA ENTREVISTA CONCEDIDA AO EXTRA:

Como você descreveria sua experiência na prisão?

“[Os agentes] me deram comida estragada, não me deixavam dormir, não me davam água para beber. Não tinha água pra banho, para as necessidades, não tinha colchão, lençol, nada. As roupas, quem me deram foram os presos. Eu não tinha roupas. Não me davam copos pra tomar o café da manhã. Passei essa semana toda lá. Quando fui liberto por um habeas corpous, sendo inocente – veja bem, sendo inocente -, tinha uma multidão lá fora pra me linchar. Ninguém quis me ouvir.

E depois?

“Quando a delegada colheu meu depoimento, botou a mão na cabeça e falou: ‘Meu Deus, o que eu fiz?’. Eu disse que [os policiais] poderiam pegar todas as minhas redes sociais, meus computadores, com todas as senhas, tudo estava à disposição da polícia. Eles tiveram acesso a tudo. Eu falei: ‘Se tem alguma coisa contra mim, vasculhem’. Eles não acharam nada. Olharam tudo, de cima abaixo. A polícia pediu que se alguém tivesse sido vítima, que se manifestasse. Ninguém apareceu. Mas aí eu já tinha sido sequestrado e mantido em cárcere privado por dias.

Quais foram as consequências disso para sua vida?

“Desenvolvi TEPT, transtorno do estresse pós-traumático. Não conseguia ouvir barulhos, sirenes, nada disso. Voltava à minha mente a imagem de eu ser preso, algemado pelas mãos e pés, como se fosse alguém de altíssima periculosidade. Quando todo mundo dizia que eu era um monstro e tinha dupla personalidade, eu pensava: ‘Se não tem ninguém que acredita em mim, então eu sou um monstro’. Eu estava me vendo como um monstro. Queria um especialista que fosse imparcial, então me consultei com um psiquiatra indicado pelo TJRJ. Ele disse que eu estava são, sem transtorno de personalidade, mas havia desenvolvido estresse pós traumático”.

Como ficou sua relação com a ex-mulher (pastora Bianca Toledo)?

“Ela apresentou dois laudos falsos e a delegada acreditou. No mesmo dia da denúncia, saiu o mandado de prisão, sem sequer a polícia me ouvir, sem fazer exame, nada. Foi feita perícia psicológica na criança e viram que ela foi influenciada para contar a história, porque a mãe tinha pedido. Não pude voltar pra minha casa pra pegar nem uma cueca, saí sem nada. Meus livros, documentos, diplomas, tudo ficou lá. Me recolhi até agora. Tem muita história do que fizeram contra mim. Forjaram até mesmo uma cena de suicídio. Estou tremendo agora enquanto falo com você. Casei com a mulher que achei que era a mulher da minha vida. Casei para viver com ela. Criei o filho dela como se fosse meu. Ele não falava aos dois anos de idade, mas nós cantávamos, brincávamos, e ele começou a falar”.

Qual é a sua perspectiva de vida, a partir da decisão da Justiça?

“Digo para as pessoas que também enfrentam situações difíceis: ‘Vamos criar uma nova memória, para essa memória nova ficar por cima da memória do trauma e você conseguir viver uma vida melhor’. Porque a gente não esquece (o trauma), a gente lembra sem sentir dor – que é o processo de cura. Estou construindo essas novas memórias. Um olhar, um abraço curam mais do que um discurso. Quando as pessoas tocam em mim levo susto, mas aos pouquinhos vou me recuperando. Foi a fé que me manteve vivo. Fiquei abandonado por três anos. A fé me ajudou muito”.

Confira a íntegra da nota divulgada pelo escritório responsável pela defesa do pastor Felipe Heiderich:

Visando explicar alguns aspectos possíveis, advindo de um processo que tramita em Segredo de Justiça, serve a presente para explicar alguns pontos acerca do caso concreto em que atuamos em sua defesa.

Adiantamos, que o intuito da presente nota é apenas esclarecer a realidade dos fatos às pessoas que sempre acreditaram no pastor Felipe Heiderich e, ao nosso entender, merecem alguma satisfação.

Antes de tudo, necessário informar que Felipe sempre foi inocente, não sendo a absolvição a única fonte dessa informação. A Presunção de Inocência advém de preceito Constitucional descrito no artigo 5°, inciso LVII que descreve:

“LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;”

Desta forma, entender que uma pessoa ABSOLVIDA, com a chancela do Ministério Público, que tem a função Constitucional de fiscal da Lei, não é inocente, é totalmente equivocada.

Um dos fatores que levou a deflagração de Ação Penal no ano de 2016 foi a existência de dois laudos fornecidos pela Representante Legal do Menor, que em Juízo, foram descartados por terem sido elaborados por pessoas próximas da Representante do menor e carecem da necessária imparcialidade.

O único laudo oficial produzido pela Polícia Civil deste Estado, por dois profissionais isentos, qualificados e de larga experiência, não concluiu pela existência de qualquer abuso, verificando também que a suposta vítima foi possivelmente sugestionada pela Mãe para dar falsas informações aos entrevistadores.

Esclarecemos ainda que toda prova que precisava ser produzida nos autos já foi produzida, e em caso de recurso, somente será reavaliada por três Desembargadores. Contudo, acreditamos na Justiça e somos firmes no entendimento que a r. Sentença não será reformada.

-Leandro Meuser, advogado de Felipe Heiderich.

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