O governador cristão Basuki Tjahaja Purnama, mais conhecido por Ahok, foi condenado a dois anos de prisão por ter citado um verso do alcorão durante sua campanha da reeleição em setembro do ano passado. O Tribunal o considerou culpado por blasfêmia.
Os adversários de Ahok haviam usado o mesmo verso para argumentar que os muçulmanos não deveriam escolher líderes não-muçulmanos. Uma versão de seu discurso pode ser encontrada na internet, que se espalhou nas redes sociais, provocando manifestações em massa contra ele.
O juiz Dwiarso Budi Santiarto disse ao tribunal, depois de informar a sentença: “Como parte de uma sociedade religiosa, o réu deve ter cuidado para não usar palavras com conotações negativas sobre os símbolos das religiões, incluindo a religião do próprio réu”.
Outro juiz, Abdul Rosyad, disse que a pena de prisão foi porque Ahok tinha “causado ansiedade e machucado muçulmanos” e não sentia culpa. Ahok, que apelará por sua sentença, perdeu a eleição no mês passado para um rival muçulmano e vai entregar seu posto em outubro.
Andreas Harsono, pesquisador da Human Rights Watch na Indonésia, disse ao site do The Guardian que o veredicto foi “um dia triste para a Indonésia”.
“Ahok é o maior caso de blasfêmia na história da Indonésia”, disse ele. “Ele é o governador da maior cidade da Indonésia, um aliado do presidente. Se ele pode ser enviado para a prisão, o que poderia acontecer aos outros?”, questionou.