Uma idosa de 65 anos sofreu ferimentos no rosto, na boca e no braço ao ser agredida a pedradas em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. De acordo com a família, ela foi vítima de intolerância religiosa.
Maria da Conceição Cerqueira da Silva foi socorrida no Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI) na sexta-feira (18). Levou pontos na testa e na boca. Ferimentos que, segundo a filha, foram provocados por uma pedrada arremessada por uma vizinha.
Migrante nordestina, Maria estabeleceu moradia em Nova Iguaçu há quatro décadas. Candomblecista, passou a sofrer constantes ataques verbais por parte da vizinhança, segundo afirmou a filha dela, a vendedora Eliane Nascimento da Silva, de 42 anos.
A vendedora contou que também recebe ofensas por conta de sua religião. Ao contrário da mãe, ela é umbandista, prática também de matriz africana.
“Eu engulo calada [as ofensas]. A minha mãe não, ela enfrenta. Ela tem sangue nordestino, é uma idosa, semianalfabeta, e acaba revidando as agressões verbais. Só que o que fizeram com ela dessa vez foi uma covardia”, ressaltou.
Segundo Eliane, nesta sexta a mãe passava pela rua quando ouviu uma vizinha, que reiteradamente lhe dirige ofensas, dizer “lá vem essa velha macumbeira. Hoje eu acabo com ela”. Maria foi tirar satisfações e a vizinha pegou uma pedra no chão e arremessou contra a idosa.
“Ela [a vizinha] estava com a filha pequena no colo. A menina começou a chorar porque não entendeu o motivo da mãe fazer aquilo. Minha mãe chegou em casa esvaindo em sangue e o meu pai, um senhor de 72 anos, ficou desesperado sem saber o que fazer”, contou Eliane.
A família levou Maria primeiro ao hospital, para ser medicada, e em seguida à 58ª DP (Posse) para registrar a ocorrência. “O escrivão registrou o caso apenas como lesão corporal e não qualificou a intolerância religiosa. Estamos em busca de um advogado que possa nos ajudar a mudar isso. A delegacia tem de relatar as coisas de forma correta”, destacou Eliane.
A pena prevista em lei é a mesma para os crimes de lesão corporal e de ultraje por conta de crença religiosa – de três meses a um ano de detenção. Porém, a pena para os crimes relacionados à intolerância religiosa é aumentada em um terço quando há emprego de violência.
Em nota, a Polícia Civil disse que as investigações sobre o caso estão em andamento e que os agentes da 58ª DP “realizam diligências para apurar os crimes de lesão corporal e injúria”. A filha da vítima destacou que a agressão violenta deixou a família preocupada.
(G1)