Gravações apontam Jair Bolsonaro como o patriarca das ‘rachadinhas’

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Enquanto um escândalo de corrupção na compra de vacinas para covid-19 atinge diretamente Jair Bolsonaro (sem partido), que teria se omitido de investigá-lo, beneficiando seus aliados, um outro escândalo de mau uso de dinheiro público volta a assombrá-lo.
Gravações inéditas divulgadas pela colunista Juliana Dal Piva, com a ajuda da equipe do núcleo de jornalismo investigativo do UOL, reforçam que apesar de Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) estar no centro do escândalo das “rachadinhas” (como ficou conhecida a apropriação indevida de salários de servidores de seu gabinete), Jair adotava a mesma prática entre seus funcionários na Câmara dos Deputados.
Mais do que isso: a extensa e detalhada reportagem, divulgada nesta segunda (5), mostra o presidente sendo tratado como o “01” do esquema em uma troca de mensagens entre a esposa de Fabrício Queiroz, Márcia Aguiar, e sua filha, Nathalia Queiroz.
Márcia, que esteve foragida enquanto seu marido estava preso em meio às investigações, disse que Jair não o deixará atuar como antes na política. E como ele atuava antes? O Ministério Público do Rio de Janeiro acusa Fabrício Queiroz de ser operador do esquema enquanto Flávio era deputado estadual na Assembleia Legislativa. Ele, que é amigo de longa data de Jair e foi colocado por ele no gabinete do filho, seria o responsável por organizar o recebimento do dinheiro desviado de servidores reais e fantasmas e ajudar em sua lavagem.
Dada a incompetência que vem demonstrando na gestão do país, principalmente durante pandemia, até parece que o presidente não havia administrado nada antes do atual cargo. Contudo, as revelações sobre esquema das rachadinhas são fortes indícios que ele tinha sim. Um esquema mafioso que se valeu da percepção de impunidade para se manter vivo por muito tempo. Um conglomerado de crime que chegou à Presidência da República.
Uma gravação obtida pela colunista Juliana Dal Piva mostra Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada de Jair, afirmando textualmente que o então deputado federal e, hoje, presidente demitiu o seu irmão porque ele deveria devolver R$ 6 mil por mês e entregava algo entre R$ 2 mil e R$ 3 mil de volta de seu salário como assessor. Segundo o áudio, ela disse que Bolsonaro falou: “Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo”.
A reportagem também mostra que o envolvimento de militares nos rolos do clã não é coisa nova, mas começou muito antes de sua chegada à Presidência da República. O coronel da reserva do Exército, Guilherme dos Santos Hudson, que foi colega de Jair na Academia Militar das Agulhas Negras, é apontado como responsável por recolher salários da ex-cunhada quando ela era contratada como assessora do gabinete de Flávio.
 
Fonte: Uol

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