Uma discussão com um primo levou Anthony Delgado à condição de morador de rua e usuário de drogas. Pedindo esmolas nas ruas de Atlanta, nos EUA, ele alimentava seu vício em crack. “Eu fiz muita coisa ruim”, disse ele à CNN.
Anthony só não imaginava que, anos depois, ele teria sua própria instituição de caridade na rua da estação de trem, onde começou a viver como sem-teto. “Deus tem senso de humor”, afirma.
A vida de Anthony começou a mudar quando passou mal em uma estação de ônibus, depois de fumar crack. Ele foi abordado por um homem e uma mulher, que o aconselharam a ir ao hospital.
Enquanto tentava alcançar o homem e a mulher, Anthony chamou a atenção de alguns policiais, que pediram para ele se acalmar. “Me desculpe, policial, eu estava apenas tentando alcançar aquele casal que saiu pela porta”. Mas a polícia disse que não viu ninguém.
Anthony foi até o parque local e começou a pedir esmolas, mas voltou a passar mal. Um homem parou e se ofereceu para levá-lo ao hospital. O homem o acompanhou até a estação de trem, deu uma passagem e sumiu.
Depois de ser atendido no hospital, Anthony se juntou a um programa de reabilitação e recebeu ajuda de um pastor. Quando contou a ele a história do casal e do homem que havia dado a passagem do trem, o pastor disse: “Acredite ou não, anjos existem”.
Anthony conseguiu um emprego e começou a se reerguer. Após um culto sobre obediência, levou sacos de pão para o local onde costumava dormir na rua. “Foi muito emocionante. Vi as mesmas pessoas depois de um ano, as mesmas pessoas com quem dormi”. Em 45 minutos, todos os pães e bolos acabaram. “Enquanto voltava, comecei a chorar. Obrigado, Deus Pai, encontrei meu propósito na vida”.
Agora Delgado tem sete funcionários, dois prédios, 17 geladeiras e dois caminhões na organização que fundou, a “I Care Atlanta”. O projeto é dedicado a tirar homens, mulheres e crianças das ruas Atlanta e das comunidades vizinhas.
O grupo tem parceria com policiais e empresas locais. Algumas lojas doam comida e dinheiro, enquanto a polícia direciona as pessoas necessitadas para Anthony ajudar a encontrar abrigos ou outros recursos.
“Do jeito que tem sido, esta pandemia foi tão forte para nós, mas parece que conseguimos fazer nossos pagamentos. Estamos tendo dificuldades, estamos alimentando tantas pessoas. Nós distribuímos e Deus nos abastece de volta”.
Anthony diz que a demanda por comida e abrigo aumentou muito desde o início da pandemia de Covid-19. Hoje ele alimenta cerca de 400 pessoas em um dia.
Quando questionado sobre o que as pessoas comuns podem fazer para ajudar moradores de rua, Anthony aconselha não dar dinheiro diretamente a eles, mas dar comida, conversar ou até chamar para um café.
Ele diz que quando era morador de rua, via o melhor e o pior nas pessoas. Ele foi empurrado, chutado e cuspido por alguns; enquanto havia outros que davam carona, pagavam um hotel ou compravam lanches.
“Todos nós precisamos ajudar uns aos outros. Estamos em uma péssima situação agora. Não sabemos o que vai acontecer amanhã. Abra seu coração, ajude seu vizinho, não seja egoísta. Essa atitude do ‘eu, eu, eu’ não vai nos levar a lugar nenhum”, aconselha.
*Guiame