Ex-líder do Comando Vermelho se converte após invadir igreja: “Senti a presença de Deus”

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Hoje, aos 53 anos, um dos fundadores da organização criminosa Comando Vermelho carrega a missão de resgatar pessoas através do Evangelho de Cristo, assim como ele foi resgatado há 32 anos.

Conhecido no mundo do crime como “Ligeirinho”, Aldidudima Salles era um dos homens mais temidos do País entre as décadas de 1980 e 1990. Natural do Ceará e filho de militar, Salles praticou seu primeiro crime aos 13 anos na favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Quando estava recolhido no reformatório de menores infratores, Ligeirinho foi convidado a integrar o Comando Vermelho. Aos 14 anos, ele ocupava a segunda posição de liderança da organização criminosa e delegava 46 homens na comunidade da Rocinha. Com 16 anos, ele comandava mais de seis mil traficantes. Foi quando viajou à Colômbia para se especializar no tráfico internacional de drogas com Pablo Escobar, chefe do Cartel de Medellín, de quem se tornou amigo.

De acordo com Salles, o Comando Vermelho chegava a movimentar cerca de R$ 50 milhões por mês com a venda de drogas. Com o lucro obtido pelo narcotráfico, Ligeirinho chegou a comprar 753 imóveis, sendo 15 deles mansões em Angra dos Reis, avaliadas em R$ 10 milhões cada.

Autor de 76 assassinatos, Salles lembra que agia sem piedade de suas vítimas. “Eu não tinha o capeta no corpo, eu entrava no capeta, mas me libertei”, destaca.

Mudança

No entanto, sua vida no crime teve o fim decretado no dia 28 de março de 1986, quando Salles decidiu assassinar um pastor e fiéis de uma igreja evangélica de sua comunidade por desobedecerem a uma ordem do Comando Vermelho.

“Eu odiava os evangélicos. Os usuários de droga daquela localidade estavam se convertendo, e consequentemente as vendas no ponto de tráfico em frente à igreja foram prejudicadas. Mandamos um recado ao pastor para que fechasse a igreja, caso contrário, ele e quem estivesse no culto na data marcada seriam mortos”, disse ele ao Ta No Site.

“Eu e um grupo de traficantes entramos na igreja para cumprir a promessa de assassinar quem estivesse ali. Porém, o homem que deveria atirar contra o pastor começou a chorar e me disse que algo estranho estava acontecendo com ele. As pessoas continuaram orando com o pastor, e eu também fui tocado naquele momento. Senti a presença de Deus”, revela o ex-criminoso.

“Então entreguei meu revólver ao pastor, e decidi que jamais voltaria a cometer crimes. Fiquei oito anos fora do País por receber ameaças de morte, e há 32 anos minha missão é resgatar pessoas através da palavra de Deus”, celebra o pastor.

Condenado a 300 anos e seis meses de prisão, Salles cumpriu 10 anos, dois meses e três dias da pena máxima existente no Brasil (30 anos). Na década de 1990, ele foi beneficiado com indulto presidencial por solicitação de uma ex-governadora que diz ter sido curada de um câncer após oração feita por ele.

Desde que se tornou pastor, Salles já passou por 32 países e acredita ter ganhado mais de 10 mil pessoas para Jesus ao longo desses 32 anos de evangelização — entre elas um de seus 14 filhos, que também integrou o Comando Vermelho.

(Guiame) 

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