Esposa de Rick Warren conta como venceu a pornografia: “Prometi a Deus não envergonhá-lo”

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A evangelista Kay Warren se destaca entre os líderes evangélicos dos EUA, não apenas por sua inteligência e consideração, mas também por seu testemunho, o sofrimento que experimentou em sua vida e, principalmente, sua disposição para falar sobre isso.

Questionada pelo site ‘Christian Today’, se a auto-proclamada “menina da igreja” em algum momento chegou a ter uma crise de fé, ela explica que nunca duvidou da existência de Deus, nem de Sua bondade.

O momento mais difícil da vida da esposa do pastor Rick Warren, que fundou a igreja Saddleback, ocorreu quando o filho do casal, Matthew, tirou a própria vida com 27 anos em abril de 2013, após uma longa batalha com doenças mentais.

“A minha verdadeira luta está em torno da bondade de Deus”, diz ela. “É uma luta muito mais dolorosa para mim do que questionar sua existência. Parece que tem havido muitas oportunidades, muitas circunstâncias na minha vida que me trazem de volta a essa pergunta: “Deus, o Senhor é bom? E se Senhor não for, por que eu confiaria em Ti? E se o Senhor for, como fazer para confiar em Ti, quando parece que o que aconteceu é muito doloroso para suportar?”.


Abusos na infância

Kay também falou abertamente – como faz no início de seu livro – sobre os abusos sexuais que sofreu quando criança. Mas dispensa a vitimização e isso é, em parte, o ponto que ela destaca no livro.

“Eu fui molestada quando ainda era uma pequena menina. Não posso me esconder por trás disso e eu sou a único que tem que assumir a responsabilidade para mudar isso”, diz ela. “Eu acho que essas escolhas levam à resiliência, eles levam à capacidade de suportar os tempos mais difíceis e quando eu sou espiritualmente saudável, isso me permite ser uma ministra muito mais eficaz para Cristo. O ministério é difícil e se vamos continuar, temos que olhar no espelho e assumir a responsabilidade de andarmos próximos a Jesus”.

Kay foi criada por pais cristãos, mas que ela descreveu como “muito conservadores”, mas explicou que isto, na verdade a ajudou a se firmar em sua fé.

“Eles eram conservadores em todos os sentidos possíveis nos EUA, nos anos 60 e 70. Eles simplesmente adotavam uma definição muito, muito estreita de tudo. Mas, devo reconhecer que havia um lado positivo nisso, eles amaram Jesus e viveram sua fé na minha frente. Eles fizeram Deus atraente para mim. Eu queria um relacionamento com Deus, apesar de todas as regras e proibições que eles impunham”, contou.


Pornografia

Porém o seu primeiro contato com a pornografia, quando encontrou algumas revistas na casa de amigos de sua família, que cuidavam dela e outras crianças. Kay revela que como aquela “descoberta” ocorreu após ela ter sido abusada, aquilo gerou nela um misto de “repulsão e fascínio” com relação ao sexo.

“É impossível superestimar o efeito da descoberta de revistas pornográficas na casa de um vizinho quando eu estava sendo cuidada pela babá, em parte porque não falávamos sobre sexo em nosso lar conservador, além das expectativas em sermos perfeitos e não tropeçarmos de forma alguma. Todos esses fatores se uniram de uma maneira muito tóxica que me deixou dividida em duas pessoas diferentes: havia a boa garota que amava Jesus e queria ser missionária, e a garota que era uma vergonha total e absoluta para Jesus”, contou.

Kay Warren ainda explicou que seus problemas não resolvidos com a pornografia a fizeram sentir vergonha, porém a possibilidade de formar uma nova família também trouxe a possibilidade de um recomeço.

“Eu tinha medo de ser desqualificada para servir a Jesus ou mesmo ser uma cristã. Não posso afirmar com tanta força o quanto isso afetou quem eu era ou quem eu pensava que era. Eu me senti desamparada. Mas descobri que eu não estava sozinha nisso. Eu recomeçaria o ciclo e prometi a Deus que nunca mais o faria sentir-se envergonhado: um novo ciclo familiar, nunca mais pensaria nisso [abusos e pornografia]”, explicou.

Kay e Rick Warren se casaram ainda jovens, aos 19 anos, e ela sentiu que estava realmente sendo resgatada de sua vida passada, que gerou tantos traumas.

Ambos eram vindos de famílias de pastores, mas rapidamente ficou claro, dois anos depois de se casarem, que ainda havia muito a ser compartilhado.

Casamento com propósitos

Hoje, Kay reage com bom humor, quando questionada no que ela e Rick se diferem.

“As diferenças entre nós são tão vastas que eu me pergunto: ‘por onde eu começo?’ Em quase tudo o que você pode pensar, vamos olhar as coisas de forma diferente. Acabamos de abordar a vida de uma aparência diferente. Mas o que nos atraiu um ao outro como estudantes universitários [era] que estávamos ambos consagrados a Deus, a Jesus, nossas vidas estavam focadas em atendê-Lo de modo sacrificial, dando o que fosse necessário para levar Jesus a este mundo e dispostos a fazer o que for preciso. Essa paixão por Deus, compartilhada entre nós foi o que nos atraiu um ao outro. Nos nossos cérebros de 19 anos de idade, era tudo o que era necessário. Aos 19 pensávamos que isso era tudo o que importava”, contou.

Kay ainda afirmou que a identidade do cristão nos tempos atuais não diminuiu sua responsabilidade e validade.

“Fiquei bastante reflexiva sobre o que significa ser cristão hoje e o meio político em que nos encontramos e devemos refletir Jesus, amar com compaixão, bondade, ter o coração de amor pelos mais vulneráveis, os que estão nas fronteiras, os imigrantes, aqueles com doenças mentais, aqueles que vivem na pobreza. Deus odeia o racismo, Ele é contra as palavras de violência, as ações de violência, Ele nos pede para sermos seus agentes de misericórdia e reconciliação neste mundo, de modo que isto exige que todos os seguidores de Cristo avaliem suas afiliações políticas – qual o rótulo que apresentam”, destacou.

“Devemos refletir Jesus com precisão. As apostas sobre nós são altas, o mundo está nos assistindo, as pessoas precisam de Jesus Cristo mais do que nunca. É uma grande responsabilidade ser um seguidor de Cristo hoje – e isso significa dar uma olhada honesta em todos os nossos rótulos e ter certeza de que eles realmente refletem Cristo”, finalizou.

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