Três escritores do Amazonas estão concorrendo ao prestigiado Prêmio Jabuti, considerado a maior honraria literária do Brasil, com livros lançados pela editora Valer. Os concorrentes são o poeta e ensaísta Tenório Telles, com o livro “Prelúdio Coral”, e as escritoras infantojuvenis Danielle Soares, com “Meninos Árvores”, e Mariana Pedrett, com o livro “As três orelhas”, os autores concorrem, respectivamente, nas categorias infantil, ilustração e poesia. João de Jesus Paes Loureiro, do Pará, também concorre ao prêmio pelo livro “Andurá” publicado mês passado pela Valer.
O Prêmio Jabuti é o mais tradicional prêmio literário do Brasil, concedido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). Criado em 1959, com o interesse de premiar autores, editores, ilustradores, gráficos e livreiros que mais se destacassem a cada ano. Essa edição busca celebrar a inclusão e a diversidade. Para isso, foram feitas alterações nos eixos e categorias do prêmio. As categorias serão divididas de acordo com quatro eixos: literatura, ficção, produção editorial e inovação.
Preludio Coral é uma dessas pérolas literárias que, ao surgir em momentos de tensão social, revela-se como uma metáfora viva da condição humana e busca de compreensão, expressas pelo “canto de um pássaro mudo”, em seu silêncio, potencializando o poder transfigurador da realidade pelas palavras que instiga o olhar, aclara o propósito e desvela a experiência como o espaço do aprendizado e da construção subjetiva do ser. O questionamento as angústias e a percepção das contradições e a transitoriedade da existência se manifestam no canto do poeta, iluminando os paradoxos da existência e a inevitabilidade do destino.
Essa iluminação, em “Prelúdio Coral”, está na humanidade do ser poético como uma forma singular de sentir a vida e o real, também no despertar da essência vivificadora que move todas as coisas e na maneira como ressignificamos o caos que define o existir humano. O poema “Oferenda”, que abre esta reunião, prefigura essas questões, em que o eu lírico, personificado em “pássaro mudo”, oferece seu “canto macerado”, composto de memória, silencio e solidão.
Mais do que revelar caminhos e problematizar a realidade, a lírica do autor é um hino à vida e à liberdade. Uma celebração da natureza e das possibilidades construtivas e criativas do ser humano na sua busca de aprendizado, realização e auto entendimento.
Tenório Telles é escritor reconhecido no Amazonas. Atualmente, é presidente do Conselho de Cultura da cidade de Manaus, doutorando e mestre em Literatura e Crítica Literária pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Ele se graduou em Letras – Língua e Literatura Brasileira e Portuguesa pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam). O escritor possui diversos livros publicados, que se inserem na poesia, ensaio, teatro e crônica. Em 1988, publicou sua primeira reunião de poemas, “Primeiros fragmentos”. Em 2004, a peça “A derrota do mito”. Lançou o CD “Vida e luz”, em parceria com o poeta Thiago de Mello.
O livro “Meninos-Árvores” nasceu inspirado pelo cenário, pela narrativa e imagens que se instalaram na memória de uma criança, se fortaleceram na adolescente e se transformaram em palavras na escritora. Ele é uma revelação de amor e de agradecimento de uma neta para sua avó. E continuarão, porque Danielle Soares as guarda e as projeta para o futuro. Esta obra é fruto dessa memória.
“Meninos-Árvores” é um grande presente, um presente do tempo, pois ele busca um episódio que acontecia frequentemente na minha família materna, quando minha avó contava histórias para mim, para os meus irmãos e para os meus primos, no caso os seus netos, os seus filhos e quem ali estivesse presente. Então, durante a minha infância e até a minha adolescência, aos 18 anos, quando saí de Manaus, era comum a minha avó contar histórias quando faltava luz na cidade. Então, falar sobre esse livro é buscar o meu tempo de menina e também o meu tempo, agora, na memória; buscar lá atrás um episódio que marcou e marca a minha existência e a dos meus irmãos, primos e filhos da nossa avó”. Explicou Danielle Soares.
A obra nada mais é do que eternizar uma memória ou um ato muito particular da minha avó Joaquina. Então, é este um presente do tempo que atravessa gerações e o hábito de contar histórias”. Ressaltou a autora.
Em sua 63ª edição, o evento do prêmio Jabuti busca maior diversidade no regulamento a partir de mudanças que oportunizam a participação de autoras, autores e editoras de todo o país.
“Conquistar o prêmio Jabuti, para mim, como escritora, não vou dizer que não tem importância nenhuma, pois estaria mentindo. Cada pessoa que cria não só a arte, mas a criação no geral, no seu trabalho, ou seja, no texto do jornal, por exemplo, seja qualquer situação que envolva um empenho e dedicação é importante a conquista, que pode ser no sentido de um reconhecimento, o teu responsável ou você mesmo poder olhar e falar ‘uau fizeste um bom trabalho’. A importância de um prêmio a este nível é basicamente o reconhecimento, é sair de uma fileira escondida lá atrás e passar para umas fileiras da frente, poder está mais evidente e mais próximo do palco. Então, tem a sua importância conseguir inserir cada vez mais o trabalho no meio e isso tem uma importância que não tem tamanho”. Disse a autora.
Danielle relatou que sua expectativa em relação ao ganhar o prêmio é tudo ou nada.
“Não estou pondo pressão e nem pensando que eu tenho que ganhar, porém o ‘tudo’ é aquilo que uma pessoa que cria anseia, não é, exatamente, ganhar o prêmio, mas o reconhecimento e, para mim, é esta a importância que se dá a esse tipo de premiação: a do reconhecimento. Eu, até convencer a mim própria de que aquilo fui eu quem fiz, escrevi ou faço na literatura infantil ou infantojuvenil é bom, tem qualidade e as pessoas veem e retiram algo que fica isso é o barato que fica das premiações que existem em todas as áreas”.
Em agradecimento a autora agradeceu cada leitor, a cada pessoa que tem dedicado alguns minutos à leitura dos “Meninos-Árvores”.
“Eu fico muito feliz, tenho recebido alguns feedbacks em relação à leitura e são bem carinhosos e positivos, para mim, é importante, pois todo artista cria para o público, então que as leituras continuem a fazer parte da vida de cada um de nós. Obrigada por cada dedicação, por terem ou por estarem adquirindo o livro”.Sobre a autora
Mariana Pedrett é Mestre em Estudos da Linguagem pela UFAM. Amazonense, 45 anos de idade. Atua como fonoaudióloga no CER – Centro de Reabilitação da Semsa e no PIC: Programa de reabilitação auditiva para crianças usuárias de implante coclear da Semed.
Paes Loureiro também concorre a prêmio Jabuti por livro publicado pela Valer
O escritor, poeta e professor universitário João de Jesus Paes Loureiro nascido em Abaetetuba, no Estado do Pará, também concorrera ao prêmio com a obra intitulada “Andurá: onde tudo é e não é”. Paes Loureiro é um dos ícones mais expressivos da literatura brasileira pós-moderna. Andurá é o segundo romance do autor. Por meio da literatura, Paes Loureiro constrói uma cidade do presente, habitada por qualquer um de nós e que se pode situar em qualquer lugar do planeta. Nela, tudo é e não é.
Paes Loureiro é formado em Direito, Letras, Artes e Comunicação Social pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Loureiro é professor de Educação Artística, Filosofia e Comunicação na mesma instituição. Possui títulos de mestre em Teorias Literárias e Semiologia e de doutor em Sociologia da Cultura. Já atuou na Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Belém, na Secretaria de Cultura do Pará e na Secretaria de Educação do Pará. Foi superintendente e criador da Fundação Cultural do Pará – Tancredo Neves, bem como fundador e presidente do Instituto de Artes do Pará (IAP).
Fonte: Com informações da assessoria