Na segunda-feira (8), Cuba registrou o nono dia sem morte por coronavírus. O governo registrou mais de 2.200 infecções e 83 mortes em uma população total de 11 milhões, uma conquista que foi atribuída ao seu rigoroso regime de medidas de pandemia, incluindo testes, rastreamento e quarentena.
No mesmo período, no entanto, outra estatística impressionante foi registrada: 96% dos cubanos sofreram violações dos direitos humanos.
“Para os cristãos, a crise do coronavírus simplesmente exacerbou uma situação que já era difícil”, disse Rossana Ramirez, analista de perseguição da Portas Abertas.
Apenas alguns meses atrás, as igrejas em Cuba estavam sendo demolidas por motivos legais arbitrários e os cristãos que criticam as políticas do partido no poder estavam enfrentando assédio e sanções.
“Tais medidas do governo buscam intimidar e subjugar os cristãos e impedir que a fé cristã se espalhe entre a população”, disse ela.
Yoe Suárez, jornalista cubano independente e evangélico que relata questões de direitos humanos e liberdade religiosa para agências de notícias locais e internacionais, foi convocado em março por agentes de segurança estatais que o acusaram de “dissidência” e “disseminação de propaganda inimiga”.
Ele está sob uma proibição indefinida de deixar o país e foi assediado várias vezes durante o afastamento social, incluindo ameaças à sua família.
Outros desafios
Os líderes da igreja enfrentam outros desafios. Durante o distanciamento social, as igrejas tentaram fazer reuniões de oração, estudos bíblicos e assistência pastoral em plataformas online, mas o alto custo da internet na Ilha impossibilitou.
Também existe a preocupação com os cristãos que estão na prisão ou estão em prisão domiciliar. Em abril de 2019, o pastor Ramón Rigal e sua esposa, Ayda Exposito, receberam sentenças de prisão por educarem seus filhos em casa.
Enquanto Ayda foi libertada 14 dias antes de completar sua sentença de um ano, seu marido ainda está atrás das grades, cumprindo o restante de sua sentença de dois anos.