O grupo terrorista islâmico Boko Haram está drogando crianças para transformá-las em terroristas suicidas de acordo com um relatório chocante divulgado pela Unicef. Três anos desde o rapto das meninas de Chibok, o relatório Silent Shame descreve como a situação no Lago Chade está se deteriorando e como milhares de crianças sequestradas na Nigéria e em outros lugares sofrem “horrores inimagináveis”.
“Esta crise é marcada por violações dos direitos das crianças, evidentes no uso delas em ambos os lados da insurgência. O Boko Haram, em particular, tem liderado uma campanha sistemática de sequestro que prejudicou milhares de meninas e meninos.
“As milícias locais, formadas para proteger suas comunidades, têm desempenhado um papel-chave na contenção da onda de violência do Boko Haram, que têm usado crianças em suas operações”, diz o relatório.
Uma característica determinante do conflito tem sido o uso crescente de crianças em ataques denominados “suicidas”. Desde 2014, 117 crianças foram usadas em ataques em todos os quatro países na crise. Desde o início desse ano já foram 27. O relatório diz: “Os sequestros em Chibok horrorizaram o mundo. Outra parte chocante da história é o que acontece com as crianças em cativeiro e depois de serem libertadas”.
De acordo com o relatório, raptos de crianças pelo Boko Haram são cuidadosamente planejados e direcionados. “Jovens meninas são vistas nos mercados noturnos. Elas são arrastadas de suas casas e em alguns casos, os pais são mortos na frente delas. Isso acontece seguido de uma viagem prolongada a uma base do Boko Haram, na floresta onde as meninas são forçadas a se casarem e a serem escravas sexuais. Para os meninos, as histórias são igualmente angustiantes, com denúncias de abuso sexual.
Algumas crianças são obrigadas a serem sequestradores e recebem armas ou chicotes para amedrontar as crianças e levá-las dos braços de sua mãe. Meninas acabam sendo casadas com homens que abusam delas. Muitas têm apenas 13 anos, engravidaram em cativeiro e dão à luz sem cuidados médicos. Frequentes espancamentos são comuns.
Desde janeiro de 2014, 117 crianças – mais de 80% delas meninas – têm sido usadas em ataques suicidas na Nigéria, no Níger, no Chade e nos Camarões. Desde março deste ano, 27 crianças foram usadas desta forma no nordeste da Nigéria, diz o relatório.
“O aumento desses ataques é profundamente preocupante para as vítimas civis e para as crianças que são forçadas a realizar os bombardeios. As crianças foram interceptadas nos postos de controle e levadas à custódia militar para interrogatório, levantando preocupações sobre esta prática e os períodos prolongados de custódia.