Conselho de Psicologia critica O Outro Lado do Paraíso onde mostra personagem cuja origem é o abuso sexual sofrido na infância

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Conselho Federal de Psicologia do Brasil publicou, nesta segunda-feira (5), uma carta aberta no site oficial criticando a novela O Outro Lado do Paraíso, da TV Globo.

O texto afirma que a emissora presta um “desserviço à população brasileira ao tratar com simplismo e interesses mercadológicos um tema tão grave como o sofrimento psíquico de personagem cuja origem é o abuso sexual sofrido na infância”.

Os psicólogos fazem referência ao núcleo que envolve a personagem Laura (interpretada por Bella Piero). Na trama, ela não consegue ter intimidade com o marido por ter sofrido abuso sexual quando criança. Ao buscar ajuda, a mulher decide fazer sessões de hipnose com um coaching, em vez de procurar tratamento com um psicólogo.

Conselho Federal de Psicologia do Brasil publicou, nesta segunda-feira (5), uma carta aberta no site oficial criticando a novela O Outro Lado do Paraíso, da TV Globo.

O texto afirma que a emissora presta um “desserviço à população brasileira ao tratar com simplismo e interesses mercadológicos um tema tão grave como o sofrimento psíquico de personagem cuja origem é o abuso sexual sofrido na infância”.

Os psicólogos fazem referência ao núcleo que envolve a personagem Laura (interpretada por Bella Piero). Na trama, ela não consegue ter intimidade com o marido por ter sofrido abuso sexual quando criança. Ao buscar ajuda, a mulher decide fazer sessões de hipnose com um coaching, em vez de procurar tratamento com um psicólogo.

– Acabo de ver um absurdo na novela da Globo. Uma mulher que se casa e não consegue ter relação sexual é orientada por uma amiga a procurar um coach! Sim! Um coach! Sou psicóloga e coach. Fiz cinco anos de faculdade de Psicologia, fora cursos de especialização. E para ser coach levei apenas dois finais de semana. Coisa que qualquer um pode ser, mesmo tendo apenas o segundo grau. Um coach jamais poderá substituir um psicólogo. São trabalhos completamente diferentes. Ainda mais quando se trata de um assunto tão complexo como a sexualidade. Absurdo! É a palavra para o que acabo de ver na TV – declarou a psicóloga e coach Rosana Brandão ao Pleno.News.

A instituição lembra que, apesar da obra ser de ficção, ainda é capaz de formar opinião. E ainda, que “é consenso no Brasil de que pessoas com sofrimento mental, emocional e existencial intenso devem procurar atendimento psicológico com profissionais da Psicologia, pois são os que têm a habilitação adequada”.

Em 18 de janeiro, no entanto, a Sociedade Latino Americana de Coaching (Slac) já havia alertado a Globo sobre como o folhetim abordava a questão. De acordo com o documento, a novela deu “informações equivocadas sobre o coaching, seu real significado e aplicação”.

Confira na íntegra a carta do Conselho Federal de Psicologia:

Mesmo compreendendo o caráter de uma obra de ficção, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) entende que a telenovela “O outro lado do paraíso”, por se tratar de uma obra capaz de formar opinião, presta um desserviço à população brasileira ao tratar com simplismo e interesses mercadológicos um tema tão grave como o sofrimento psíquico de personagem cuja origem é o abuso sexual sofrido na infância.

Quanto ao argumento de que se trata ‘’apenas’’ de ficção, lembramos que são as novelas da Rede Globo que, como estratégia de elevar a audiência, frequentemente buscam embaralhar as barreiras do ficcional e do real, entre outras formas, introduzindo nas tramas fatos e temas candentes da sociedade.

É consenso no Brasil de que pessoas com sofrimento mental, emocional e existencial intenso devem procurar atendimento psicológico com profissionais da Psicologia, pois são os que têm a habilitação adequada. Isso é amplamente reconhecido por diversas políticas públicas, entre elas o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que empregam esses profissionais em larga escala. Mesmo na saúde suplementar, o exercício do cuidado psicológico é reconhecido e regulamentado. Há normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que obrigam os planos de saúde a oferecerem atendimento por profissionais da Psicologia.

Somos uma profissão regulamentada pela Lei 4.119, de 27 de agosto de 1962, os cursos de Psicologia são aprovados e fiscalizados pelo Ministério da Educação e o Ministério da Saúde reconhece a Psicologia como uma profissão da saúde. As mais prestigiadas universidades públicas e privadas oferecem formação em Psicologia e nossa ciência e profissão passam rotineiramente pelo escrutínio das pesquisas acadêmicas. Tudo isso confere segurança à sociedade de que se trata de uma ciência e profissão respaldadas ética e tecnicamente.

Saudamos como positiva a manifestação de diversos grupos e escolas de coaching, que, manifestando-se sobre o ocorrido, afirmaram compreender que os transtornos mentais devem ser cuidados por profissionais da saúde mental.

O CFP faz um alerta à sociedade para que não se deixe iludir. As pessoas devem buscar terapias adequadas conduzidas por profissionais habilitadas para os cuidados com a saúde, particularmente a saúde mental.

Conselho Federal de Psicologia

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