A sabedoria popular costuma apontar dois caminhos para o mundo das drogas: a morte ou a cadeia. A vida de Thiago Cunha tinha tudo para trilhar estas direções, mas o esporte mostrou que é possível ter um caminho diferente.
Thiago é um lutador vencedor: venceu lutando arte suave, esporte que conheceu quando tinha dez anos de idade; venceu lutando MMA que conheceu quando tinha 27 anos e venceu a luta pela vida, após começar a usar drogas com apenas quinze anos.
O tráfico fez parte da rotina de Thiago por dois anos, que serviram como lição para uma vida inteira. “Para nós, que moramos em áreas de risco, a facilidade (de chegar às drogas) é muito grande. As pessoas oferecem para você mesmo e aí você tá ali, comunidade carente, quer ter um dinheiro no bolso para sair com a namorada… Então o meu envolvimento com drogas foi passageiro, foi uma coisa muito rápida. Graças a Deus posso dizer que foi muito rápida, foi uma coisa de dois anos, entrei com quinze e com dezessete para dezoito anos já estava fora. Eu conhecia um pessoal na comunidade que me ofereceu e eu vi que a grana era boa, era fácil, acabei até deixando o jiu-jitsu de lado por conta disso. Cheguei a fazer parte de facções e coisas que hoje em dia em nem preciso citar nomes, mas coisas que não tiveram nada a me oferecer, o que eu tive para dar muito foi desgosto para os meus pais”, revelou.
De volta aos tatames, Thiago reencontrou um caminho para a vida. Com o tempo, migrou para o MMA onde também acumulou cinturões. Com duas lutas marcadas, o amazonense se prepara para lutar o Big Way Fight no dia 8 de outubro e o Luta Tribal em 25 de novembro. Além disso, dá aulas em um projeto no São José 2, de onde tira o dinheiro para viver. Mas mesmo com tantos títulos, a maior vitória do lutador não é um cinturão ou troféu. “Eu falo pros meus atletas que eu não preciso mais ganhar título nenhum. O maior título que eu venci foram as drogas. Se eu não tivesse vencido as drogas eu poderia estar no fundo do poço, mendigando na rua, morto ou preso. O que a droga ia me oferecer era uma penitenciária ou um hospital, que eu não cheguei a conhecer, e o jiu-jitsu me trouxe de volta para o lado bom da vida. Hoje em dia, eu ajudo pessoas. Trabalho com crianças de quatro anos até mais de trinta anos. São pessoas mais velhas que eu e tenho o respeito dessas pessoas”, explicou, orgulhoso, o vencedor Thiago.
(Portal Acritica)