Uma crença no Malauí que faz pessoas acreditarem que partes de corpo de albinos trazem sorte e fortuna, tem assustado os portadores dessa condição rara. A africana Femia Tchulani, conta que sobreviveu a uma tentativa de sequestro organizada por “caçadores” de albinos.
“Era uma sexta-feira. Cinco homens e uma mulher chegaram à minha casa por volta das 19h. Quando apareceram, eu estava na cozinha preparando o jantar. Meu marido estava do lado de fora. Disseram que procuravam por mim. Falaram que eram policiais e estavam ali para me proteger porque receberam a informação de que queriam me matar.
Fiquei assustada. Eram estranhos, nunca os tinha visto antes. A chegada deles criou uma certa comoção e fez com que alguns dos nossos vizinhos se reunissem.
Apesar de terem dito que eram policiais, eles não usavam uniformes. No começo, não me convenceram. Mas então mencionaram o nome do chefe de polícia da nossa área. Nós até pedimos para que eles descrevessem o chefe; e eles os fizeram.”, conta ela assustada.
“Meu marido insistiu que eles não deveriam me levar sozinha. Ele ficou argumentando que não tínhamos cometido nenhum crime; e, por isso, por que ir à polícia?”, complementou ela.
Ela conta que tem oito filhos, alguns que ainda frequentam a escola, e que o medo tem prejudicado seu trabalho de vendedora de verduras. Devido o medo, ela deixou de vender de porta em porta, para apenas ficar em um banco do mercado. “Não consigo muito dinheiro para pagar a escola, comprar uniforme e até comida para minhas crianças. Preciso limitar minhas vendas ao mercado.”, lamentou. Em 2016, a ONU emitiu um alerta no qual afirmava que 10 mil albinos no Malauí correm risco de morte por causa dos assassinatos cometidos por quem quer partes dos corpos deles.