O Instituto Butantan, responsável pela fabricação da vacina CoronaVac no Brasil, já sente os impactos dos discursos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) insinuando que a China criou o coronavírus para abrir uma hipotética guerra química.
De acordo com o diretor do Butantan, Dimas Covas, mesmo que a embaixada do país diga que não há problemas, o Instituto tem enfrentado maior burocracia e diminuição em autorizações para o Brasil.
De acordo com o Butantan, até o dia 14 de maio existe o compromisso de entregar um lote de cinco milhões de doses, mas que depois disso não haverá mais matéria-prima para produção. “Pode faltar [insumos]? Pode faltar. E aí nós temos que debitar isso principalmente ao nosso Governo Federal que tem remado contra. Essa é a grande conclusão”, disse Covas.
De acordo com o Covas, isso é impacto direto pelas declarações de Bolsonaro. “Todas as declarações neste sentido têm repercussão […] a nossa sensação de quem está na ponta é que existe dificuldade, uma burocracia que está sendo mais lenta do que seria habitual e com autorizações muito reduzidas e volumes. Então obviamente essas declarações têm impacto e nós ficamos à mercê dessa situação”, disse.
Nessa quarta-feira (5), Bolsonaro citou indiretamente a China afirmando que o país teria se beneficiado com a pandemia, questionando qual país que mais cresceu o seu PIB. “Não vou dizer para vocês”, citou. O país que mais teve o PIB alto foi a China. À noite, Bolsonaro disse que não citou o país e que o Brasil é muito importante para a China.
Fonte: Milena Soares, com informações da Folha de S. Paulo