Aos 15 anos, em 1989, convidado do Conversa com Bial de segunda-feira, 8/3, achou estranho quando, no meio do culto, ouviu o pastor de sua igreja pedir voto num determinado candidato a presidente da República. Ricardo Alexandre recorda que o pastor não apresentava fatos ou explicações, mas falava como se o próprio Deus lhe tivesse soprado o nome do político no meio da noite.
Decepcionado, ele abandonou aquela igreja, mas nunca perdeu a fé em Deus e na doutrina evangélica. Como cristão, mas também como jornalista, escreveu 30 anos depois o livro “E a verdade os libertará”, com reflexões sobre as relações entre a igreja evangélica e o poder político, sobretudo com o Bolsonarismo.
Na conversa, ele explica como a frase que dá título ao livro, muito usada por Jair Bolsonaro, foi deturpada pelo presidente da República. No contexto do versículo, Jesus debate com “os vilões do Novo Testamento”, como define Ricardo, as autoridades da fé da época. Em suas palavras, a fala de Jesus é “chocantemente atual”:
“Ele diz ‘vocês não conhecem a verdade porque estão tão cheios da autoridade de vocês que não conseguem ouvir. Vocês precisam conhecer a verdade e ela vai os libertar’”.
Já Bolsonaro, Alexandre explica, não pede que ninguém escute ou se dispa de autoridade, mas exige que não acreditem nem na imprensa, nem na constituição.
“Nós temos uma autoridade político barra religiosa dizendo assim ‘eu sou o porta-voz da verdade, todas as opções são mentirosas então vocês vão se escravizar à minha narrativa’. Isso para mim é revoltante.”
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_e84042ef78cb4708aeebdf1c68c6cbd6/internal_photos/bs/2021/a/m/JIl2dJRqqSXY6gDezBdw/whatsapp-image-2021-03-08-at-15.27.17.jpeg)
Caio Fábio também participa da ‘Conversa’ — Foto: Reprodução/TV Globo
A conversa inclui outro pensador da relação entre política e religião, o escritor e pastor Caio Fábio. É depois do Jornal da Globo.