Aconteceu nesta quarta-feira (7), a Audiência Pública virtual para tratar sobre as medidas que devem ser adotadas, diante da possibilidade de acontecer a terceira onda da Covid-19, no Amazonas. Realizada pela Comissão de Saúde e Previdência (CSP) da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), contou com a participação de órgãos de saúde e de controle do Estado.
Após quatro horas de discussão e diante de muitas dúvidas sobre as ações preventivas, a presidente da Comissão de Saúde, Dra. Mayara Pinheiro Reis (Progressistas), sugeriu que as secretarias municipal e estadual de Saúde se reúnam e definam a estratégia de ações em conjunto e que seja marcada outra Audiência Pública, na semana seguinte, para que as definições sejam passadas a todos.
Durante sua explanação, Dra, Mayara mostrou gráficos com a média móvel do número de casos e destacou que nunca aconteceu a efetivação de lockdown no Amazonas. Com o intuito de evitar a possível terceira onda, sugeriu adotar medidas que foram eficazes em países na Europa: a testagem em massa da população e o isolamento dos contaminados, que previne que haja contaminação comunitária, em que uma pessoa transmite para outras. “O Amazonas é um estado totalmente diferenciado, tanto na questão da localização, como de outras variáveis”, disse.
A equipe do secretário de Estado de Saúde Marcellus Campêlo mostrou o plano de Enfrentamento à Pandemia da Covid-19, que contem 10 eixos, que vão desde medidas de enfrentamento; detalhamento da rede de urgência e emergência; projeção de leitos clínicos e de UTI; fortalecimento do sistema primário, abastecimento de oxigênio até os planos de ação de transferências interestaduais e intermunicipais e de comunicação. “O objetivo é construir o planejamento, a partir de cenários epidemiológicos”, explicou.
O titular da SES, Marcellus Campêlo, explicou que esta é a primeira apresentação do plano e a secretaria está aberta a contribuição e deve retificar se precisar. O plano foi criado com auxilio de um comitê científico com especialistas de várias frentes da Covid-19, explicou.
Entre as ações prioritárias, de acordo com o titular da SES, a vacinação está sendo trabalhada como prioridade. “O efeito da vacinação, principalmente nos maiores de 60 é esperado que influencie positivamente no número de leitos”, disse.
O Dr. Cleinaldo Costa, Reitor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA,) ressaltou da necessidade de planejamentos estratégico e logístico para garantir vacinação a toda população. “Todas as outras ações devem receber destaque da mídia, mas a vacinação é prioridade”, disse, completando que a UEA se coloca à disposição para dialogar sobre novos tipos de testagem.
O representante da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Djalma Pinheiro, destacou as ações do órgão na pandemia, principalmente o protagonismo na vacinação. Detalhou o planejamento de atuação contra a Covid-19 com monitoramento de pessoas e zonas, com cobertura da atenção básica. “Com a ampliação de grupo de vacinação dos grupos de comorbidades, acredito que um grande passo será dado”, afirmou.
O deputado Wilker Barreto (Podemos) questionou como está a compra de vacinas pela prefeitura e se todas as unidades atendem Covid-19. De acordo com Djalma Pinheiro, o prefeito David Almeida (Avante) participa de um consórcio de compras e a Semsa está aguardando para saber quantas doses serão disponibilizadas. Sobre o atendimento, informou que todas as unidades hoje atendem pacientes com coronavírus.
A Dra. Mayara perguntou qual forma as secretarias de saúde do Estado e município podem evitar ou mitigar a possível terceira onda. Avaliou que a prevenção é o melhor caminho. “Não se pode afirmar se haverá terceira onda, mas os danos serão menores, se houver prevenção”, resumiu, reafirmando que é necessário se chegar a dados objetivos para fazer a testagem.
Gatilhos
O biólogo, mestre em Ecologia e doutorando em Ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Anazônia (Inpa), Lucas Ferrante, afirmou que, para entender a possível terceira onda, é necessário olhar para gatilhos que desencadearam a segunda onda, como a volta às aulas. Ele esclarece que crianças possuem carga viral igual a dos adultos e o retorno precoce tende a aumentar o risco de infecção, se não for em um ambiente de controle. Ferrante aponta que mais preocupante do que a terceira onda, é o surgimento de uma variante resistente à vacina.
O pesquisador sugeriu para evitar uma terceira onda, lockdown de 21 dias e a suspensão do retorno híbrido ou presencial até a imunização de 70% da população. “Não dá para discutir terceira onda, voltando às aulas, que é um gatilho para aumento de casos”.
Sobre as testagens em massa, disse que os dados da nota técnica mostram que Manaus conviverá diariamente com 50 mil infectados e 75 mil em junho.” Se pensamos em testagem em massa, temos que verificar se seremos capazes de monitorar 50 mil a cada dia e 75 mil em junho”, explica.
Mais debates
O deputado Wilker Barreto (Podemos) sugeriu que o debate fosse ampliado. Apontou que é necessário que seja dado um posicionamento à sociedade por parte dos órgãos de saúde. “A academia está expondo que a janela de tempo para ações de prevenção à Covid-19 está se exaurindo. Temos que ter respostas das secretarias sobre a finalidade da Audiência. Queremos saber como estão as demandas dos insumos e do oxigênio”, questionou.
Manaus viveu e vive um grande desastre sanitário, de acordo com o deputado Ricardo Nicolau (PSD). Ele detalhou que as fases de combate à Covid-19, passam pela prevenção e depois atendimento aos primeiros sintomas de forma efetiva. “Houve muitos erros na primeira onda, que achávamos que fossem ser corrigidos na segunda. Vamos viver novos episódios do que vivemos anteriormente”, falou.
Com Informações da Assessoria