Diante da confirmação pelo Ministério da Saúde (MS) do primeiro caso de infecção no país pelo novo coronavírus (Covid-19), nesta quarta-feira (26/02), a Secretaria de Estado de Saúde (Susam) informa que, assim como os demais estados, o Amazonas está em alerta, porém, preparado para lidar com a nova situação.
O Governo do Amazonas criou, ainda em janeiro, o Comitê Interinstitucional Ampliado de Gestão de Emergência em Saúde Pública para Resposta Rápida aos Vírus Respiratórios, com ênfase no Covid-19, que se reúne todas as quintas-feiras para discutir as diretrizes, conforme orientações do Ministério da Saúde.
Nesta quinta-feira (27/02), durante a reunião na sede da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS), será feita a atualização do Plano de Contingência para enfrentamento do Covid-19, conforme orientações do MS, a ampliação da lista de novos países com transmissão do vírus e a divulgação do novo boletim de Síndrome Respiratória Aguda Grave do Amazonas (SRAG).
Segundo o secretário de Saúde do Amazonas, Rodrigo Tobias, o Estado já vem se preparando desde novembro e intensificando as ações em função da Síndrome Respiratória Aguda Grave que costuma aumentar no período de chuva.
“Criamos o Comitê com ênfase no coronavírus, que é um vírus novo, mas as medidas de controle são basicamente as mesmas. Então, diante da entrada de um novo vírus, a gente mantém o controle do que já vem sendo feito e fica atento às novas recomendações do Ministério da Saúde”, disse o secretário.
A diretora-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Rosemary Costa Pinto, disse que o Estado se antecipou às medidas e que a rede estadual e municipal de saúde estão preparadas.
“A gente se antecipou, porque ano passado tivemos uma situação grave com SRAG, incluindo H1N1, com óbitos. Então, desde novembro intensificamos as ações com campanha de prevenção e preparação da rede de saúde e depois atualizamos o Plano de Contingência para incluir o coronavírus”.
Ela destaca que a população não deve entrar em pânico, mas ficar atenta aos sintomas respiratórios, que no coronavírus são semelhantes aos demais sintomas da Influenza: febre, coriza, tosse seca e dificuldade de respirar. “Se sentir dificuldade de respirar associada a febre e um desses sintomas, busque uma unidade da rede estadual de saúde para uma avaliação médica”, recomendou.
Em relação ao coronavírus, segundo ela, o foco é nas pessoas que nos últimos 14 dias estiveram em algum dos países nomeados pelo Ministério da Saúde como prioritários para a vigilância. São países com casos registrados de Covid-19, dentre os quais China, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Camboja, Filipinas, Japão, Malásia, Vietnã, Singapura, Tailândia, Austrália, Itália, Alemanha, França, Irã e Emirados Árabes Unidos.
Para o atendimento de casos suspeitos de coronavírus, o Hospital Pronto-Socorro Delphina Rinaldi Abdel Aziz é a unidade de referência no Amazonas. Os casos clínicos identificados serão encaminhados para aquela unidade e tratados lá. As demais unidades da rede estão preparadas para atender as outras síndromes gripais, como Influenza.
Conforme a Susam, notas técnicas com recomendações têm sido encaminhadas para todas as unidades da rede pública e privada da capital e também do interior.
Profissionais que atuam nas principais portas de entrada da rede de urgência e emergência – prontos-socorros, Serviço de Pronto Atendimento (SPA) e Unidades de Pronto Atendimentos (UPA) – foram treinados para atendimento de casos suspeitos de Covid-19, seja através de simulados ou capacitações em serviços.
Nesta quinta-feira à noite, também será realizado na Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado treinamento para os profissionais de saúde voltado para manejo clínico de possíveis casos de Covid-19. Na próxima semana, haverá um novo treinamento por videoconferência para os profissionais do interior.
Aeroportos – O coordenador regional da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Jerfeson Nepumuceno, informou que o órgão vem atuando no aeroporto de Manaus, com plantão 24 horas.
“Esse profissional é o ponto focal que tem a responsabilidade em realizar avaliação prévia de saúde dos viajantes no desembarque e junto às companhias aéreas, acionar quando necessário o Comitê de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs-Manaus) em caso de viajante caso suspeito”, explicou Jerferson.
Ele acrescentou que a Anvisa também realiza a inspeção quanto às boas práticas de limpeza de superfícies na infraestrutura do aeroporto e em relação à limpeza das aeronaves.
Medidas de prevenção – A transmissão do coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva; espirro; tosse; catarro; contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão; contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Portanto, as medidas de prevenção são as mesmas para qualquer síndrome gripal. “Não custa relembrar a importância das lavagens das mãos com água e sabão e usar álcool gel, beber bastante líquido e, se possível, evitar contato com pessoas com sintomas de gripe”, recomenda a diretora-presidente da FVS.
Atualização de SRAG – A FVS-AM divulgou, na última quinta-feira (20/02), a sétima edição do Boletim Epidemiológico da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Estado do Amazonas, que corresponde à análise de notificação de novembro de 2019 até o dia 19 de fevereiro de 2020.
Segundo o boletim, foram notificados, até o momento, 193 casos de SRAG. Destes, foram confirmados 38 casos por vírus respiratórios, sendo identificados 15 casos provocados por adenovírus, 14 casos de Influenza B, quatro para Vírus Sincicial Respiratório (VRS), dois para metapneumovírus, dois por Influenza A (H1N1) e dois para Parainfluenza 1. Não há casos suspeitos de coronavírus no Amazonas.
A FVS informa que, no total, foram registrados, a partir de novembro, 27 óbitos por SRAG. Desses, nove foram por vírus respiratórios e 18 por outras síndromes respiratórias não virais. Dos nove óbitos, todos eram residentes de Manaus, sendo quatro causados por adenovírus, três por Influenza B, um por Vírus Sincicial Respiratório (VRS) e um por metapenumovírus.
Ainda em relação aos óbitos, 77% apresentaram pelo menos um fator de risco respiratório e 71% das vítimas eram pacientes idosos.