No barraco onde vive o casal Maria Lúcia da Silva, 50, e Weverton dos Santos, 30, o botijão de gás vazio está guardando debaixo da cama.
A pequena moradia tem um vão só, onde se espremem sofá, eletrodoméstico e as duas camas, onde o casal dorme com os dois filhos.
Em cima do antigo fogão, não há nada a não ser poeira. Para cozinhar, a família improvisou dois tijolos e uma grelha. O fogo vem da madeira velha ou restos de que Santos consegue catar na rua.
Há mais de um mês, os dois, que vivem na favela Sururu de Capote, na periferia de Maceió, não conseguem comprar botijão de gás por conta do preço alto. Na região, não sai por menos de R$ 70.
Sem esgoto, sem tijolo e agora sem gás
A favela Sururu de Capote reúne pescadores às margens da lagoa Mundaú e é marcada pela miséria: sem esgoto, com energia elétrica improvisada e barracos normalmente feitos de papelão, madeira ou lona. Poucas moradias são de tijolos visto que a área é invadida.
Nesse cenário, o reajuste do botijão de gás exclui do consumo dezenas de famílias, que hoje catam madeira para usar como lenha. “é difícil demais, um sofrimento grande. Um fogão faz falta. Mas não temos o que fazer a não ser se apagar a deus para ver se a vida melhora” relata Maria Lucia.