Questionado sobre o motivo da destruição de todo o prédio, Conricus disse: “Não havia como derrubar apenas as instalações do Hamas que estavam no prédio. Eles ocuparam vários andares do prédio e era impossível derrubar apenas esses andares. Foi considerado necessário para demolir todo o edifício. “
A agência de notícias americana AP declarou estar “chocada e horrorizada” com o ataque israelense. “Este é um acontecimento incrivelmente perturbador. Nós evitamos por pouco uma terrível perda de vidas”, disse o chefe da agência, Gary Pruitt, em um comunicado. “O mundo ficará menos informado sobre o que está acontecendo em Gaza por causa do que aconteceu hoje”, acrescentou.
O governo dos EUA informou que disse a Israel para garantir a segurança dos jornalistas. “Comunicamos diretamente aos israelenses que garantir a segurança dos jornalistas e da mídia independente é uma responsabilidade primordial”, tuitou a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse ao presidente dos EUA, Joe Biden, neste sábado, que Israel “está fazendo de tudo para evitar ferir” pessoas que não estão envolvidas na luta contra o Hamas e outros grupos em Gaza. De acordo com um resumo do telefonema divulgado pelo escritório de Netanyahu, o primeiro-ministro israelense disse a Biden que “os não envolvidos foram evacuados” do prédio.
Rashida Tlaib, membro democrata da Câmara dos Deputados dos EUA e filha de imigrantes palestinos, acusou Israel no Twitter de mirar na mídia para que “o mundo não veja palestinos sendo massacrados”.
Bebê de 5 meses sobrevive
Dez pessoas de uma mesma família palestina, incluindo oito crianças, foram mortas neste sábado em um bombardeio israelense na cidade de Gaza, segundo fontes médicas palestinas.
O ataque atingiu a casa da família Abu Hatab, no campo de refugiados de Al-Shati. O prédio de três andares em que estavam desabou após o bombardeio.
A mãe e seus quatro filhos – com entre 5 e 15 anos – morreram. Quatro primos – com entre 8 e 14 anos – e sua mãe, que os visitavam por ocasião do Eid al-Fitr, que marca o fim do Ramadã, também morreram.
Os dois pais, Aala Abu Hattab e Mohamad Al Hadidi, que estavam do lado de fora do prédio, sobreviveram, assim como um bebê de cinco meses, que foi hospitalizado. A criança sobreviveu porque a mãe se fez de “escudo humano” para protegê-la.
As crianças “estavam seguras em casa, não carregavam armas, não disparavam foguetes”, disse Mohammad Al Hadidi. “Usavam roupas novas para o Eid al-Fitr”.
O chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, denunciou em um comunicado “um massacre hediondo no campo de Al-Shati”.
O Exército israelense, por sua vez, anunciou que atacou “um certo número de líderes” do Hamas em um apartamento na área do campo de Al-Shati. E afirmou que “toma todas as precauções possíveis para evitar afetar civis” durante a suas operações, acusando o Hamas de usar “deliberadamente” civis como “escudo” para se proteger.
“As crianças continuam a ser vítimas desta escalada assassina. Repito que as crianças não devem ser alvo de violência ou colocadas em perigo”, reagiu no Twitter Tor Wennesland, enviado da ONU para o Oriente Médio.
Ataques prosseguem
Israel atingiu a Faixa de Gaza com ataques aéreos e militantes palestinos lançaram foguetes em Tel Aviv e outras cidades neste sábado. Diplomatas americanos e árabes procuram acalmar a situação, porém, ainda sem sucesso.
Durante a madrugada, militantes palestinos dispararam cerca de 200 foguetes contra cidades israelenses, e aviões de Israel atingiram o que seriam alvos usados pelo Hamas, o grupo islâmico que comanda Gaza.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, 145 pessoas, incluindo 41 crianças e 23 mulheres, foram mortas em Gaza desde o início do conflito na segunda-feira (10). Já Israel registrou 10 mortos, incluindo duas crianças. No saldo de feridos, são 1.100 palestinos (313 deles crianças) e 560 israelenses.
O bombardeio israelense matou durante a noite de sexta e madrugada de sábado mais de 15 palestinos em Gaza, disseram médicos, incluindo a família palestina.
Os militares israelenses disseram neste sábado que cerca de 2.300 foguetes foram disparados de Gaza contra Israel desde segunda-feira, com cerca de 1.000 interceptados por defesas antimísseis e 380 caindo na Faixa de Gaza.
Sirenes soaram repetidamente em Tel Aviv neste sábado e milhares de israelenses correram para se abrigar. Um foguete atingiu um prédio residencial no subúrbio do centro comercial de Ramat Gan, matando uma pessoa, disseram médicos.
Em Gaza, Akram Farouq, 36 anos, saiu correndo de sua casa com sua família depois que um vizinho disse a ele que havia recebido uma ligação de um oficial israelense avisando que seu prédio seria atingido.
“Não dormimos a noite toda por causa das explosões e agora estou na rua com minha esposa e filhos, que estão chorando e tremendo”, disse.
Os militares israelenses disseram que sua aeronave atingiu locais de lançamento de foguetes e apartamentos de militantes do Hamas.
Os israelenses aprenderam a mergulhar para se proteger a qualquer hora do dia e da noite. Na cidade costeira de Ashdod, em Israel, Mark Reidman avaliou os danos causados ao seu prédio por um foguete. “Queremos viver em paz e sossego”, disse o homem de 36 anos, acrescentando que teve de tentar explicar aos seus três filhos pequenos o que está acontecendo.
O Hamas lançou foguetes na segunda-feira (10) após tensões sobre um processo judicial para despejar várias famílias palestinas de Jerusalém Oriental e em retaliação aos confrontos da polícia israelense com palestinos perto da mesquita de al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado do Islã.
As hostilidades entre Israel e Gaza foram acompanhadas por violência nas comunidades mistas de judeus e árabes de Israel. Sinagogas foram atacadas, lojas de propriedade de árabes foram vandalizadas e ocorreram brigas de rua. As baixas palestinas também se estendem além de Gaza.
Os palestinos, que a cada ano em 15 de maio marcam o “Dia da Catástrofe” – seu deslocamento na guerra de 1948-1949 que acompanhou a criação de Israel -, relataram 11 mortes nesta semana na Cisjordânia ocupada, depois que manifestantes e forças israelenses entraram em confronto.